Pra quem assiste televisão, sabe que há um tempo já que a Globo decidiu reprisar algumas novelas antigas para substituir as atuais, que tiveram que entrar em pausa por causa da pandemia do Coronavírus. E, além de "Totalmente Demais", que foi um super acerto da emissora, estamos revendo "Fina Estampa", infelizmente.
A trama de Aguinaldo Silva de 2011 envelheceu super mal e com certeza não se adaptou bem aos tempos atuais, seja pela sua estética, sua linguagem e, principalmente, pela sua história, que é super datada e problemática. Por esse motivo, separamos aqui alguns exemplos do porquê a reprise dessa novela é um grande desserviço pra sociedade, ainda mais nesses tempos que a grande maioria está em casa e assistindo mais televisão.
Personagem gay reduzido a "chaveirinho"
Na época em que a trama foi exibida, o Crô (Marcelo Serrado) foi um dos maiores acertos do autor. O personagem, que fez muito sucesso, hoje representa um estereótipo perigoso e nocivo à comunidade gay. Ele está ali só para ser um mero acessório da antagonista, maltratado por ela o tempo todo e deixando sua vida de lado para satisfazer as vontades da madame.
Fora seu envolvimento abusivo e controverso com outro personagem completamente homofóbico e mau exemplo em todos os aspectos que vamos falar sobre no próximo tópico.
Violência doméstica e homofobia "normalizada
O que dizer do Baltazar (Alexandre Nero), um cara que é machista, agressor e, pra completar o pacote, homofóbico? Ele é o motorista da Tereza Cristina (Christiane Torloni) e mais uma pessoa que maltrata o Crô. Além da principal questão sobre ele, que é agredir a esposa. Os dois vivem indo e voltando e a novela meio que romantiza essa situação, ainda colocando uma música tema bem duvidosa pros dois, que se chama "Amor Covarde", da dupla Jorge e Mateus. Só que, apesar do nome, a faixa fala de um casal que não se comunica muito bem e vive tendo mal-entendidos, ao contrário dos personagens da história, onde, na verdade, a esposa é agredida pelo marido.
As mulheres se diminuem por homens
Outro ponto que precisamos reforçar é como as mulheres dessa novela se rebaixam por pouco ou nada praticamente. Toda mulher de "Fina Estampa" vive em função de encontrar um homem pra ser "verdadeiramente feliz", exemplo disso é a Amália (Sophie Charlotte) sempre sendo enganada e correndo atrás do Rafael (Marco Pigossi), que claramente é um mau caráter.
Além dela, temos Bia (Monique Alfradique), que namora Antenor (Caio Castro) durante a novela e, em uma das cenas dos dois, é beijada pelo cara, que claramente faz isso como um troco para a ex, Patrícia (Adriana Birolli), e responde: "Eu sei que você fez isso só pra vingar dela, mas eu gostei". Menina, você não precisa desse macho escroto!
Vilã preconceituosa e rasa
Como não odiar Tereza Cristina? Ela é a pessoa mais preconceituosa possível, pois, ao mesmo tempo, consegue descriminar classes sociais mais baixas, é homofóbica, não respeita as escolhas das pessoas - só porque seu irmão é vegetariano, ela implica e acha que ele é inferior por isso - e milhões de outros defeitos e exemplos péssimos que se fôssemos citar aqui ficaremos o ano inteiro. Será que estamos precisando mesmo de uma pessoa desses em rede nacional outra vez?
Competição entre mulheres
Nós não podemos fingir que a rivalidade entre mulheres acabou e esse tipo de coisa não existe mais, mas podemos querer que a sociedade se conscientize e lute para mudar essa realidade tão prejudicial e hostil para todos nós. E quer desserviço maior do que, na novela das 21h, o tema central ser justamente a guerra entre Tereza Cristina e Griselda (Lilia Cabral) por nenhum motivo aparente a não ser pela diferença de classes - tudo bem que depois a vilã tenta matar todo mundo da família da Pereirão, mas no início da história não existe explicação pra tal.
Além disso, as duas ficam competindo por um homem que, vamos combinar, é praticamente um zero à esquerda e nem é tudo isso. Competição por macho em pleno 2020, Globo?