Nesta quinta-feira (1), os cinemas brasileiros recebem um banquete para os problematizadores de plantão com a estreia de "Vai Que Cola - O Filme", estrelado por Paulo Gustavo. Há quem prefira defender as piadas discriminatórias - machistas, homofóbicas, gordofóbicas, classicistas e por aí vai - como uma sátira aos verdadeiros problemas da sociedade. Porém, a produção é só mais uma prova de que preconceito - mesmo que camuflado - ainda tem graça.
Na trama, Paulo Gustavo interpreta o ex-empresário Valdomiro, que após ser colocado em um esquema fraudulento de sua empresa no Leblon, no Rio de Janeiro, é forçado a se mudar para a pensão da Dona Jô (Catarina Abdalla), no Méier, outro bairro carioca. Logo nos primeiros minutos de história, a escandalosa viúva de bicheiro (Cacau Protásio), a suburbana aspirante a sub-celebridade (Samanta Schmutz), a pseudo-gringa mais brasileira que arroz e feijão (Fiorella Mattheis) e outros estereótipos já mostram a que vieram, sem a menor cerimônia.
Salvos pelo gongo, e pelo fato de já serem figuras conhecidas de um seriado de sucesso, os personagens caricatos são facilmente aceitos pelo público e o clichê quase passa desapercebido. Ou, pelo menos, por aqueles mais bem-humorados. Aliás, falando no programa exibido pela Multishow, a atuação nas telonas deixa a desejar.
Enquanto o protagonista Paulo Gustavo e seu jeitinho único de ser tentam - e, por vezes, até conseguem - salvar o roteiro (mais perdido que cego em tiroteio) com a quebra da quarta parede e sua interação direta com os espectadores, os outros astros do elenco caem na mesmice. O que, cá entre nós, não funciona tão bem em um ritmo cinematográfico, quanto na série.
Sendo assim, pra quem consegue enxergar a linha tênue entre rir dos próprios problemas e reproduzir um humor pra lá de ignorante, é melhor passar o final de semana em casa assistindo às sugestões da Netflix.
(Escrito por Dóris Marinho)