Conheça Amora Bettany: jovem que desenvolve games num espaço ainda dominado pelo Clube do Bolinha
Publicado em 29 de março de 2015 às 15:06
Por Purebreak
Em uma entrevista exclusiva, a moça conta como é ser uma mulher no meio de tanto marmanjo e todos os desafios que essa carreira impõe.
Amora Bettany é a jovem brasileira que desenvolve games independentes Amora Bettany é a jovem brasileira que desenvolve games independentes© Reprodução, Fernando Piovesan
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Amora Bettany é uma jovem de 27 anos, cheia de coragem diante de mudanças. Ela segue a carreira de designer de videogames, um negócio tão pouco frequentado pelo sexo feminino. Dá pra imaginar que lidar com uma sociedade acostumada a relacionar 'games & tecnologia' com 'rapazes' tem seu lado complicado. Por isso, o Purebreak bateu um papo com Amora para entender quais são os desafios de sua profissão. E também pra descobrir o que ela anda inventando por aí. Vem ver!

Nem ela mesma acreditava que poderia ter esse futuro quando tudo começou. "Sempre tive paixão por jogos, mas não via isso como uma possibilidade profissional", diz Amora. O desenvolvimento de games indie no Brasil ainda é um objetivo que requer muita luta e suor para acontecer. Afinal a estrutura educacional e o incentivo para o setor não dão oportunidades claras à quem alimenta esse sonho no Brasil. "Parecia uma coisa surreal demais pra encarar como plano", confessou.

Amora Bettany e Pedro Medeiros trabalham juntos no estúdio MiniBoss © Reprodução, Fernando Piovesan

Seus primeiros games foram criados com amigos, no tempo livre. Em 2010, foi quando "criar jogos" deixou de ser passatempo para se tornar seu ganha pão. "Mas ainda assim, eu achava que não ia passar de um hobby", contou a jovem. Amora faz parte da equipe do estúdio MiniBoss, ao lado de Pedro "Santo" Medeiros, que tem jogos incríveis como "Towerfall Ascension" na bagagem de experiência.

Na verdade, "Towerfall Ascension" é um bom exemplo de como mentes abertas podem dar um impulso libertário à produções. Os personagens têm visual completamente desprendido de padrões sexualizados. Um dos arqueiros usa roupas cor de rosa sem que isso afete sua imagem como homem ou herói poderoso. Já quem usa azul é uma menina. O interessante é que, apesar de Amora ser a energia feminina da equipe, esse desejo de arranhar o senso comum surgiu de Matt Thorson, o idealizador do jogo.

© Youtube

E essa maturidade na composição dos personagens de "Towerfall Ascension" foi um grande divisor de águas para como a artista imaginaria seus trabalhos dali em diante. "O Pink [arqueiro rosa] pra mim é um símbolo, um marco", contou na entrevista. "Mexeu com a minha cabeça pra sempre. Ele simboliza a possibilidade de inverter as coisas que a gente tá acostumado a fazer no modo automático".

Sobre a mudança em seus princípios, ela conta: "Eu acho que tinha medo, sabe? Não conseguia me desafiar a fazer coisas fora do padrão. Pra você ter uma ideia, eu assinava meus emails com o nome do Pedro. De tão natural que era, pra mim, ser tratada melhor se as pessoas pensassem que eu era homem".

Os personagens de "Towerfall Ascension": um menino que usa rosa e uma menina que usa azul © Reprodução

Isso nos leva à parte da entrevista que toca na ferida: as mulheres são uma minoria nessa cultura, mas qual impacto da participação delas, afinal? "Não acredito muito em um senso feminino, mas mais num senso feminista, que pode vir tanto de mulher quanto de homem. Obviamente, na maioria das vezes, isso acaba partindo antes da mulher, pelo assunto ser diretamente relacionado a ela", opinou a moça. Sobre o MiniBoss levantar bandeiras pela igualdade, a resposta é: "Sim, defendemos bastante a ideia de que jogos deveriam ser feitos por todo mundo e para todo mundo", conta.

E nesse momento, o MiniBoss vai dar seu melhor por "Skytorn", um jogo com previsão de lançamento ainda em 2015. Confira o trailer aqui em baixo!

© Reprodução
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