Educação Sexual não tem nada a ver com incentivar crianças a fazerem sexo ou uma tentativa de impor alguma identidade de gênero ou orientação sexual para algume indivídue. Na verdade, quando falamos sobre esse tema tão importante, estamos pensando em diversas formas de proteger nossos jovens e crianças.
A nova (e todas as) temporada de "Sex Education" já mostrou o perigo e a grande irresponsabilidade que é deixar de ensinar práticas sexuais seguras para es jovens e mostrar como funcionam seus corpos. Isso levou a um regime puritano de abstinência sexual, que muitas vezes só funciona para gerar desinformação, disseminar preconceitos e proliferar Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
Os motivos para querer que a Educação Sexual seja mais debatida nas escolas são diversos, por isso reunimos cinco nessa lista.
Informar jovens sobre como praticar sexo com segurança evita problemas que podem durar a vida toda. As ISTs podem ser difíceis de serem identificadas caso a pessoa não tenha estudado sobre isso. Sem saber a seriedade da infecção em questão ou como fazer para tratá-la, é possível que es infectades a espalhem para sues parceires sexuais. Assim, essa questão pode vir a se tornar um problema de saúde pública, que poderia ter sido facilmente evitado por meio de uma adequada Educação Sexual ainda na juventude.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2019, divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 35,4% dos 11,8 milhões de estudantes entre 13 a 17 anos entrevistados declararam já ter tido sua iniciação sexual. Desses, 40,9% disseram não ter utilizado preservativo na sua última relação.
Esses dados evidenciam que, querendo ou não, es jovens já estão praticando atividades sexuais. Mas, se as escolas decidirem aderir uma política de Educação Sexual, pelo menos farão isso sem serem submetidos a vários riscos, como infecções, já que uma quantidade assustadora de adolescentes revelou não ter utilizado preservativo.
Especialistas alertam que 80% dos abusos contra crianças e adolescentes ocorrem dentro de casa. Então para quem as vítimas devem recorrer para realizar a denúncia? Afinal, se onde elus deveriam se sentir seguras isso não acontece, onde poderão encontrar abrigo?
Esse é outro forte motivo para defender a Educação Sexual nas escolas. Com ela, jovens poderão tomar conhecimento sobre se o que estão sofrendo se trata de abusos e, dessa forma, realizarão denúncias sobre os casos. A pesquisa do IBGE mostrou que 14,6% des estudantes da faixa etária em questão já foram tocades, manipulades, beijades ou passaram por situações de exposição de partes do corpo contra a sua vontade. Quando o resultado alcança essa porcentagem assustadora, entendemos que não se tratam de casos isolados. É urgente que nossas crianças deixem de ser abusadas e entendam o que acontece com seus corpos.
Autoconhecimento é essencial para todas as idades. Ensinar jovens e adolescentes sobre o próprio corpo não só é importante, como é o direito delus. Esse aprendizado fará com que elus tenham autonomia para reconhecer quando estiverem com algum problema e também é uma chance de normalizarem e aceitarem seus corpos.
É só lembrar o caso de Aimee (Aimee Lou Wood) e Dex (Lino Facioli) na terceira temporada de "Sex Education". Somente nesse ano que a garota descobriu os diferentes tipos de vulva e pôde identificar e aceitar a sua. Já o menino, interpretado pelo brasileiro Lino Facioli, aprendeu que os pênis também são bem diferentes entre si e tamanho não é o que mais importa.
Es adolescentes estão fazendo sexo cada vez mais cedo. Proibindo ou não, vai rolar. Mas ensinar sobre métodos contraceptivos pode fazer com que a gravidez precoce e todos os danos que ela pode trazer para es jovens sejam amenizados.
Entre as meninas incluídas no estudo do PeNSE que já tiveram relações sexuais, quase 8% estiveram grávidas pelo menos uma vez na vida. Esse número gera um susto ainda maior quando descobrimos que na rede pública chega a 8,4%, enquanto na rede privada a porcentagem é de 2,8%.
Então, isso pode ser entendido, em grande parte, por conta do nível de educação de cada pessoa. Não podemos aceitar que só uma parcela da população possa escolher a hora certa para ter ume filhe. Todes devem ter esse direito.
Por fim, tratando de um país tão preconceituoso e problemático quanto o Brasil, quanto mais cedo falarmos sobre consentimento, melhor. Entender que não é não e aprender a respeitar o tempo e a decisão de qualquer ume é algo extremamente urgente.
Es jovens precisam entender que abusos sexuais e estupros acontecem em qualquer lugar e em diferentes formas. Sabia que tirar a camisa sem avisar e parceire é considerado crime? Pois é, se essas e outras questões fossem abordadas já na escola, muitas pessoas poderiam evitar passar por casos assim.