A drag queen Gloria Groove deu uma entrevista maravilhosa para a revista Quem. No bate-papo, a cantora, que quase foi "cancelada" recentemente, contou como surgiu sua relação com a música e com o mundo drag. Além disso, a artista também revelou como foi essa descoberta no mundo feminino – de Daniel Garcia para Gloria Groove.
Sucesso no clipe "YoYo" ao lado de Iza, a cantora teve a musicalidade incentivada pela família desde cedo. A mãe, Gina Garcia, é backing vocal do grupo Raça Negra e isso com certeza inspirou o jovem Daniel a soltar a voz. Aos 5 anos, ele cantou "Hero", de Mariah Carey, pela primeira vez e, com a ajuda da mãe, passou a fazer publicidades até vencer o concurso para a nova formação do Balão Mágico, em 2002. Que incrível, né?
Foi só aos 17 anos que Daniel entrou para o mundo musical e descobriu-se drag queen. A primeira montagem foi como a travesti Margaret, do musical "Hair". Depois disso, ele começou a se montar sempre para as festas. "Passei a ver que isso estava me moldando como artista, que eu me sentia bem. Conseguia organizar melhor minhas ideias em um ponto de vista feminino. A caixinha se abriu quando passei a ser 'a' Gloria Groove", relembrou. "Até então, eu era só um menino gay que cantava bem e ia ficar por isso mesmo. Não ia conseguir me expressar direito, porque eu não ia querer fingir ser hétero para ter sucesso e eu apenas negava tudo isso. Eu não sabia qual era meu holofote até saber quem era a Gloria Groove", contou a drag, que está maravilhosa no clipe "Joga Bunda".
Toda essa parte teatral também ajudou na aceitação do próprio corpo de Gloria. A drag contou que viveu uma fase de negar que era gorda e buscava um padrão para passar nos testes, mas com a Gloria Groove todo esse medo desapareceu. Ainda bem, né?
"Minha cabeça mudou depois que eu passei a ver como a feminilidade me tornava especial. Minhas inspirações sempre foram minha mãe, minhas tias, minhas primas, figuras femininas", falou a representante do universo LGBT.
Daniel disse que encara a pressão estética por estar em um mercado musical bastante gordofóbico. "As pessoas costumam descreditar muito um corpo gordo, como se ele não fosse capaz de executar seu trabalho, cantar, dançar. As pessoas costumam jogar muito para o campo da saúde, como se todo mundo fosse nutricionista", disparou. A gente, infelizmente, sabe como isso é muito comum, principalmente nas redes sociais.
Com mais de 2,5 milhões de ouvintes mensais no Spotify e 1,2 milhões de seguidores no Instagram, a artista se destaca entre as principais drag queens brasileiras como Pabllo Vittar, Aretuza Lovi e Lia Clark. A cantora ainda é autora de músicas que fizeram o maior sucesso entre o público.