"Cruel Summer" é uma série pouco convencional que se passa ao longo de três verões nos anos 90, 1993, 1994 e 1995. O enredo da história conta sobre uma adolescente bonita e popular que desaparece sem deixar rastros, enquanto outra, meiga e um tanto tímida, vira a menina mais queridinha do colégio e bairro. No entanto, a jovem acaba virando a pessoa mais desprezada pela sua cidade por ser apontada como a principal suspeita do caso do sumiço.
Além da série da Amazon Prime Video, produzida por Jessica Biel, surpreender pela forma não linear que ela é contada, a produção também causa impacto nos telespectadores pelos mistérios, reviravoltas e também as lições que elas podem causar em quem está assistindo. Pensando nisso, o Purebreak levantou cinco delas. Mas, antes de começar, adiantamos aqui que podem haver alguns spoilers. Acompanhe!
Quem assistiu "Cruel Summer", e prestou bem atenção em cada detalhe, conseguiu identificar que a série aborda o gaslighting, uma forma de abuso psicológico na qual informações são distorcidas. Trata-se também de manipular a mulher para ter controle sobre ela, ao ponto de anulá-la, gerar inseguranças, dúvidas e medos.
Isso acontece a partir do momento em que Kate Wallis (Olivia Holt) decide se refugiar na casa de Martin Harris (Blake Lee) depois de uma discussão com sua mãe. No final, o falso sequestro acaba saindo de seu controle e ela acaba virando uma prisioneira, real, por meses. Pela trama também acontece o grooming, quando ele seduz a menor de idade para um relacionamento de natureza sexual.
O Purebreak está sempre indicando o quanto é bom cuidar de sua saúde mental e a série "Cruel Summer" também aponta isso. Quando é libertada do subsolo da casa de Martin, Kate é aconselhada a fazer terapia.
Durante as sessões, a adolescente consegue explorar o assunto tão delicado, mas com a profundidade necessária que é preciso para que desperte sua memória. Ela tem flashs reais e consegue se lembrar de mais detalhes de seu sequestro e relação com Martin Harris.
A princípio, Jeanette (Chiara Aurelia) não parece ser a pessoa que busca pelos holofotes na série. Mas, a partir do momento em que Kate é dada como desaparecida, a adolescente não só passa a usar um visual bem semelhante ao de sua "rival", como também tem as mesmas amizades e engata namoro com Jamie Henson (Froy Gutierrez).
Na trama, Jeanette é acusada por Kate de saber que ela estava sendo vítima de um sequestro e, a partir daí, a vida dela se tornou um verdadeiro cenário de filme de terror. A menina, que era meiga e tímida, também foi responsabilizada por assumir a identidade da outra, enquanto estava desaparecida. Esse estereótipo de querer ser popular e amada a todo custo é coisa do passado. Se encaixar em um padrão de beleza e comportamento que não é o seu não é saudável.
Logo no início de cada episódio, a série avisa aos telespectadores que existem cenas que podem ser sensíveis e gerar até certos gatilhos, como é o caso de violência doméstica. Além de Kate ser mantida em cativeiro, a história retrata ainda outros dramas dos adolescentes, como relacionamentos abusivos entre as famílias e o fato de que mães narcisistas existem.
Sem mais spoilers, "Cruel Summer" também aborda a representatividade da comunidade LGBTQIA+. A trama fala sobre a paixão de dois adolescentes gays, que não assumem o amor abertamente em meio aos anos 90 com medo do preconceito.
Mas é possível ver o sentimento da dupla bem de longe pela troca de olhares deles ao longo dos episódios. Logo no final, também é revelada a bissexualidade de uma das personagens e isso fica bem explícito ao público. Não se trata apenas de representatividade, mas também de orgulho e resistência.