A equipe de figurino do "De Volta Aos 15" teve como principal missão resgatar o início dos anos 2000 para caracterizar a protagonista Anita pela primeira fase da história. Para o setor da trama, essa tarefa não foi nada fácil, já que muita gente tem a memória afetiva dessa época. "Não é uma série sobre aos anos 1970, por exemplo, que menos gente vivenciou. Apesar de ser um gap relativamente curto, muita coisa mudou nesses 15 anos. A gente não podia errar", brinca a diretora de arte, Rita Faustini.
Para esse TBT de respeito, figurinista Carol Li desenvolveu uma espécie de mapa com tudo o que estava acontecendo no Brasil e no mundo de 2000 à 2008 dentro do universo adolescente: "Malhação",Britney Spears, Capricho. A partir dessa pesquisa, ela foi entender em qual "movimento" os personagens se encaixavam: "Minha ideia era criar um figurino 2006 de uma forma que não caísse no estereótipo e, consequentemente, não causasse um estranhamento para quem vê a série hoje", explicou.
Uma das maiores polêmicas da moda dos anos 2000 foram as calças de cintura baixa e elas não ficaram de fora da série. Além disso, muitas personagens colocaram seus croppeds e reagiram. "A gente também abusou de acessórios coloridos que super voltaram à moda, uns colarzinhos de miçanga, de plástico, com nome, frases escritas", listou.
Ainda segundo Carol Li, a protagonista Anita se enquadra em um estilo mais rock'n'roll e, por isso, o seu figurino é o único que é atemporal. "A gente decidiu que ela não segue modismos", declarou, ponderando sobre a meia-calça preta com shortinho: "Esse é único ícone forte bem início dos anos 2000 que a Anita usa. As pessoas olhavam no set e se identificavam na hora.
Na série "De Volta aos 15", Pedro Vinícius interpreta Cézar, que na vida adulta se identifica como a mulher trans Camila, interpretada pela atriz Alice Marcone. A figurinista também fala com carinho do vestuário de mais um personagem tão marcante:
"Foi um desafio. Ela é uma clubber mas, ao mesmo tempo, estamos falando de um ambiente interiorano. Então, a gente não queria trazer um figurino exatamente gótico. Nossa ideia era focar em uma vertente leve, de juventude, suavidade e até de amor. Existe uma base de calça skinny preta meio inglesinha, mas acrescentamos as pulseiras coloridas e o cabelo descolorido para sair do óbvio do cabelo emo que é liso e escorrido".
Assim que volta no tempo pela primeira vez, a Anita empoderada de 15 anos bate o pé e decide que não vai permitir que ninguém faça mais nenhum tipo de bullying com o cabelo dela na escola. E só quem viveu nessa época sabe que muitas meninas se renderam à chapinha. A partir daí, os tratamentos químicos para alisar de vez os fios viraram a maior febre.
"Era muito raro ver mulheres cacheadas nessa época. Já que a gente está brincando com o passado, resolvemos também trazer algo diferente, valorizando os cachos", lembra Gabi Britzki, responsável pela caracterização da série.
A transição capilar, aliás, foi um processo pelo qual Bruna Vieira, a autora do livro, passou. "Esse lance da aparência pode parecer superficial, mas eu sempre alisei o cabelo porque queria me encaixar. Esse cabelo cacheado da Anita, que não está no livro, mas a série incorporou, tem tudo a ver com a pessoa se sentir segura e linda como ela é", defendeu.