Não importa se estamos falando de uma série, livro, filme ou novela, bons romances sempre conseguem conquistar o público. Aliás, a gente cresce assistindo e lendo várias histórias desse tipo e, consequentemente, acreditando que a vida é um conto de fadas. Só que não é bem assim, né? E, apesar de estarmos em 2019 e essas tramas já terem se tornado o clichê do clichê, ainda existe uma atraso quando procuramos histórias assim com personagens LGBTs. E todo mundo tem o direito de viver a sua própria comédia romântica, não acha? O livro "E se Fosse a Gente", dos autores Becky Albertalli e Adam Silvera, é mais uma oportunidade de fazer essa comunidade acreditar no amor.
No primeiro capítulo, nós somos apresentados a Arthur, um jovem de Geórgia, nos Estados Unidos, que está passando as férias de verão em Nova York. No entanto, ele não está de curtição, já que está estagiando durante esse período na empresa de advocacia onde a mãe trabalha. Mesmo assim, isso não tira a felicidade do rapaz de estar na cidade onde tudo pode acontecer. Sim, esse é o Arthur: um cara muito sonhador, que acredita no amor, no universo e que as coisas acontecem por alguma razão.
No segundo, nós conhecemos Ben - os capítulos vão alternando entre os dois protagonistas -, um jovem de Nova York que não está aproveitando muito suas férias, já que ficou de recuperação em química. Para piorar a situação, ele acaba de terminar o seu namoro com Hudson - que também está na mesma aula - e ainda não sabe lidar muito bem com essa situação. Ao contrário de Arthur, o estudante não é tão otimista assim.
E como em toda comédia romântica, é claro que esses dois se conhecem da forma mais despretensiosa possível e se interessam um pelo o outro. O problema é que nesse encontro do acaso, eles não conseguem trocar telefone e, na verdade, Arthur nem fica sabendo o nome de Ben. Ou seja, nessa primeira parte do livro veremos como um tenta ir atrás do outro. Mas será que dois estranhos conseguirão se encontrar em Nova York? É claro que em "E Se Fosse a Gente" a resposta é sim.
Apesar de todo esse clichê, o livro pode surpreender no seu desenrolar. Na verdade, é essa quebra de expectativa que deixa as coisas um pouco mais interessantes. Arthur acredita que a vida pode ser um musical, já Ben, que terminou um relacionamento há pouco tempo, não quer errar outra vez. Porém, sabemos que nada é perfeito e é isso que os personagens aprendem quando tentam se encontrar. O esperado não sai exatamente como eles queriam e isso logo causa uma frustração. Mas são exatamente esses pequenos problemas que fazem os dois se aproximarem cada vez mais.
Por irem em busca de algo perfeito, o leitor acaba torcendo para que as coisas realmente deem certo entre os personagens. Será que dão? Bom, estamos falando de um livro para adolescentes que tem o intuito de inspirar com a sua história. As coisas dão certo, porém não da forma como se imagina. E não é mais ou menos assim que funciona na vida? Talvez essa seja a mensagem de "E Se Fosse a Gente": vai acontecer, mas talvez não do jeito que você estava planejando.
De qualquer forma, é muito importante que autores de Young Adult estejam preocupados em contar histórias de amor de jovens LGBTs. Essa é, provavelmente, a pior fase para quem ainda está se descobrindo, e o livro, apesar de não se aprofundar mais na questão da homofobia - que é algo que precisa ser discutido sempre -, traz uma leveza que também se faz muito necessária. Ser homossexual já não é uma questão para Ben e Arthur, e nem para os seus amigos e familiares. Sabemos nem sempre é assim que funciona na vida real, mas também é bom ler histórias em que a homossexualidade já deixou de ser um problema. É leve.
"E se Fosse a Gente", antes de mais nada, é o livro para quem não dispensa um bom romance água com açúcar e adora acompanhar uma história de amor.