"Heartstopper" chegou à Netflix em 22 de abril e já é um dos grandes sucessos da plataforma. Para além da história fofa, que aquece o coração, a representatividade LGBTQIAP+, que vem de forma natural na história, é um dos pontos altos.
No enredo, conhecemos o casal Nick (Kit Connor) e Charlie (Joe Locke), mas eles não são os únicos que trazem uma visão interessante da comunidade. Yasmin Finney, que interpreta Elle Argent, é uma menina negra e trans - perfil constantemente excluído na indústria.
Em entrevista à Teen Vogue, divulgada nesta segunda-feira (2), a atriz falou sobre a importância de personagens como Elle, contou um pouco mais do processo de testes para os personagens de "Heartstopper" e ainda deu spoilers do futuro. Confira!
Além de ter personagens e atores LGBTQIAP+ - o que, por si só, já é uma vitória - Yasmin aponta que a forma com que a série trata a sexualidade e identidade de gênero na história é também única. "Nem mencionamos que ela é trans e isso me chocou e me deu esperança na indústria. 'Heartstopper' não foca nas coisas tristes e nos lados negativos de ser uma pessoa trans. Nós podemos falar da parte positiva e bonita de tudo isso", aponta.
A atriz também aponta a importância de produções como essa, já que ela nunca teve nenhuma referência de mulher trans quando era adolescente. Para ela, a série funciona como uma válvula de escapa para todes que sofrem com preconceito e violência no dia a dia.
"'Heartstopper' é uma fantasia. Quando as pessoas queer assistem, é um escapismo. É algo que podemos assistir e pensar como seria se o mundo fosse assim. Nos dá esperança de uma forma, mas não é a realidade mesmo. Eu passei por momentos muito ruins no Ensino Médio e é uma honra poder viver minha escola dos sonhos no set, criando um projeto tão lindo".
Como a própria atriz destacou, a representatividade trans na indústria é muito escassa. Por isso, quando ela descobriu que uma empresa estava atrás de uma mulher negra e trans, ela ficou em choque. "Na época, eu estava na faculdade e queria ser atriz, mas não me via na indústria, pela falta de atores trans no meio. Então, quando vi essa chamada, eu surtei".
Finney também explica que, exatamente pela falta de atores trans, a busca da Netflix foi internacional. Assim, a competição foi ainda maior para Yasmin. "Tinham milhares de pessoas de todo o mundo fazendo testes para Elle. Só pensava que precisava me destacar e, de alguma forma, consegui", diz a atriz estreiante.
Você pode pensar que Yasmin e o resto do elenco está apenas descansando e aproveitando o sucesso de "Heartstopper". A atriz, porém, comenta com a Teen Vogue que já está pensando nos seus próximos projetos e o que quer fazer para aumentar a representatividade. Um desses passos é ter uma personagem cis.
"Toda história trans é linda. Mas acho que se realmente quisermos implementar mudanças, temos que começar a ver atores e atrizes trans com papéis cis e com personagens que não são destacados pela sua sexualidade ou orientação gênero. Espero conseguir algo assim esse ano", provoca Yasmin. Será que vem aí?