"Thor: Amor e Trovão" chega na próxima quinta-feira (07) aos cinemas. Mas à convite da Disney, o Purebreak Brasil pôde assistir ao novo filme da Marvel Studios antes da estreia e garantimos: o longa mostra um Thor (Chris Hemsworth) mais reflexivo e provando que é um super-herói de verdade. Além de contar com a participação de Jane Foster (Natalie Portman), assumindo a identidade da Poderosa Thor, Valquíria (Tessa Thompson) e Gorr (Christian Bale), o 4º título do Deus do Trovão fala bastante sobre o sentido da vida, enquanto entrega muitas piadas.
Como mostrado nos trailers e comentado pelo elenco e produção do filme antes do seu lançamento, a principal premissa de "Thor 4" é ressignificar o protagonista, fazendo com que ele reencontre o seu lugar no mundo, após uma jornada marcada pela dor e pela perda das pessoas que mais amava.
Por mais que o longa preze por dar mais destaque às piadas e à ação, Taika Waititi vai deixando pistas importantes sobre o que o título realmente trata ao longo da história, para que, no final, tudo faça mais sentido. Ainda que tal conceito e as reflexões propostas pudessem ter sido mais exploradas, é muito interessante ver a trama tratar de assuntos tão sérios e dar um novo enfoque a uma história sobre deuses e coisas muito maiores que a própria vida, para mostrar que, no fim, nada é mais grandioso que nossa busca por amor.
Nesse contexto, Jane Foster rouba completamente a cena no filme. É o seu arco que faz Thor entender sobre o que é a vida e a continuar. Isso porque, ao abordar sua luta contra uma doença fatal, o longa preza por provar que o que vale não é a possibilidade da perda, mas sim os momentos que vivemos enquanto ainda estamos vivos.
A personagem de Natalie Portman se vê com duas escolhas a sua frente: continuar existindo em um mundo sem cor, ou aproveitá-lo mesmo que na sua finitude. É nítido que sua decisão é o que mostra ao protagonista que a vida em si não é sobre as pessoas que você ama que vão embora, e sim sobre o quanto vale a pena ter por quem chorar antes de se despedir.
E essa metáfora se faz presente das mais diversas formas. Seja na sequência em preto e branco quando os protagonistas vão de encontro ao Carniceiro dos Deuses (interpretado por Bale, que entrega uma performance fenomenal) e se encontram em um lugar sem vida - em um momento que entregou um trabalho de colorismo digno de uma das fotografias mais interessantes de todo o Universo Cinematográfico da Marvel -, quanto no Mjölnir destruído empunhado pela Poderosa Thor - o martelo divino se reconstruí da destruição e seus estilhaços se transformaram em uma arma ainda mais poderosa, tal como a própria Jane e o filho de Odin (Anthony Hopkins).
Outro ponto que devemos destacar é o fato do longa falar abertamente sobre a orientação sexual de Valquíria. Finalmente vemos um filme da Marvel Studios falar sobre a sexualidade de uma heroína da comunidade LGBTQIAP+. Embora seja frustrante comemorar o fato de uma personagem secundária ter diálogos inteiros falando sobre ela se relacionar com pessoas do mesmo sexo em pleno 2022, é uma grande conquista assistir a um título desse tamanho tendo coragem para abordar isso, finalmente.
Por fim, podemos pontuar que esse é um dos títulos mais afastados dos acontecimentos do MCU até agora. Enquanto a Fase 4 do estúdio se mantém um mistério, "Thor: Amor e Trovão" dá poucas pistas sobre qual será o grande evento que fará com que todas as histórias se alinhem. Apesar de contar com uma rápida presença dos Guardiões da Galáxia - que é basicamente um dos únicos pontos que nos fazem lembrar sua ligação com o resto do universo da Marvel Studios -, o filme abre muitas portas para o futuro.
Seja pela sua primeira cena pós-créditos que sugere um novo antagonista, ou pela introdução de uma personagem que deve se tornar muito importante, ou até pelas pontas soltas relacionadas aos protagonistas que ficaram para serem respondidas em um próximo projeto.
De resto, fica uma grande reflexão sobre a vida e uma salva de palmas para a jornada de Thor e para Waititi, por nos mostrar que é sempre possível contar mais histórias do Deus do Trovão. Ainda que mitos como deuses possam nunca se tornar lendas, fábulas como "Amor e Trovão" tocam na cultura grega (para além das suas entidades) ao usar da ficção e mitologia para colorir nosso mundo real.