Você sabia que metade da população brasileira é negra e que, mesmo assim, pouca é a representatividade pelas novelas? A TV existe no país desde 1950 e ainda vemos artistas extremamente talentosos ocupando a posição de coadjuvantes pelas emissoras. Quando falamos em protagonismo negro, é possível contar nos dedos quantos homens e mulheres estiveram como personagens principais de um folhetim, sendo que, alguns deles, foram transmitidos apenas recentemente.
O Purebreak listou 7 protagonistas de novelas que mostram a falta de representatividade na televisão e que explicam a importância de negros terem oportunidades relevantes pelas tramas. Acompanhe!
Taís Araujo é considerada a primeira negra protagonista de uma novela em horário nobre da TV Globo, quando estrelou "Viver a Vida", em 2009. No entanto, ainda pelos anos 90, ela já trazia representatividade em "Xica da Silva", transmitida pela Manchete entre setembro de 1996 e agosto 1997.
De lá para cá, a jurada do reality "The Masked Singer Brasil" protagonizou "Cheias de Charme" (2012), "Geração Brasil" (2014) e, mais recente, "Amor de Mãe" (2019). "Está errado enquanto tiver só a mim como opção de protagonista negra nesse país. Não posso ser a única opção de protagonista, isso é uma mentira. Essa é a minha batalha hoje em dia. Temos muitos atores negros trabalhando hoje. Se você pensar, existe uma evolução, mas minha batalha é que isso se abra de fato", comentou à TV Cultura.
Lázaro Ramos foi um dos protagonistas da novela "Cobras e Lagartos", que o marcou como o Foguinho. Casado com Taís Araujo, ele e a artista querem mais representatividade negra na TV para que seus dois filhos tenham mais senso de justiça e prosperidade em suas gerações.
Camila Pitanga foi protagonista pela primeira vez em "Cama de Gato", estrelou "Babilônia" e sua última trama foi em "Velho Chico", quando viveu Maria Tereza em 2016.
À "Marie Claire", Camila Pitanga disse que perguntas a respeito de sua cor de pele são recorrentes e afirmou que se identifica, sim, como uma mulher negra. "As pessoas me perguntavam porque eu dizia que era negra, como se [não se reconhecer como negra] fosse uma saída, uma solução... Eu não consigo nem dar nome a isso, porque na verdade isso é racismo", disparou.
Aline Dias foi a primeira protagonista negra da história de "Malhação" e demorou 21 anos para o feito acontecer na trama teen.
Em 2016, a atriz interpretou a corajosa e batalhadora Joana e que sofreu bastante preconceito de alguns personagens maldosos pela sua temporada. No final, a mocinha se reconectou com seu pai biológico e teve um final feliz com o crush, Giovane (Ricardo Vianna). "É muito emocionante ser referência para tantas jovens negras. Estou feliz de o negro ganhar cada vez mais espaço na TV. Ainda falta muito, mas é um passo importante", disse na época.
No ano seguinte, "Malhação: Viva a Diferença" inovou ao apresentar para o público cinco protagonistas, atualmente conhecidas como "As Five". Dentre elas, Heslaine Vieira deu vida a Ellen, uma jovem negra, da periferia de São Paulo e que teve pouco acesso à educação de qualidade. Quando o assunto é tecnologia, a menina se mostra um verdadeiro gênio sobre computação e programação e é autodidata. No final, ela consegue uma bolsa de estudos nos Estados Unidos.
Em entrevista à "Glamour", ela falou sobre a importância da representatividade na TV: "Hoje, recebo mensagens de meninas, as vezes até de crianças e de mulheres mais maduras, que experimentam os penteados das minhas personagens. Isso também acontece com as minhas colegas como, por exemplo, a Maju Coutinho e a Erika Januzza".
Antes de emplacar nas novelas e fazer seu primeiro protagonista em "Bom Sucesso", David Junior morava na baixada do Rio de Janeiro e trabalhava em um banco. O ator celebra o papel marcante no horário das 19h da TV Globo e reforça:
"Esse trabalho é reconhecimento de uma estrada iniciada por Romeu Evaristo, Ruth de Souza, Zezé Motta, Antonio Pitanga... Essa galera foi militante num lugar em que o único símbolo que tínhamos da mulher negra era no carnaval rebolando. É uma estrada bem doída. Não dá para pensar só em mim. Eu penso no coletivo".
Depois do ótimo desempenho em "Escrava Mãe", Lidi Lisboa conquistou o protagonismo de "Jezabel", dando vida a poderosa e malvada rainha da trama da Record. Segundo informações, por pouco o papel não foi parar na mão de atrizes brancas, como Camila Rodrigues e Giselle Itié.
Essa foi a segunda vez que "Jezabel" entrou no ar pela emissora. A primeira vez foi em 1997, na minissérie "O Desafio de Elias", de Yves Dumont. Nesta versão, Jezabel foi interpretada pela atriz Sônia Lima. Ainda este ano, a atriz fez um desabafo por ter sido vítima de um ataque racista na internet: "Estou triste, magoada com o ser humano. Em pleno século 21, um monte de coisa boa para a evolução, para a humanidade, e o povo fica com esse atraso de vida".