A China parece ser a fábrica do mundo, mas há um determinado setor que ela ainda não conseguiu recuperar. Isso se aplica não apenas às máquinas que fabricam os chips, mas também a todo o setor de aeronaves de passageiros. Isso está finalmente mudando para o país, que pretende ser totalmente independente em todos os seus setores de atividade. Só que essa inauguração esconde outra coisa. O avião pode até ser fabricado na China, mas essa não é a história toda.
A nova joia chinesa, chamada C919, decolou do aeroporto de Xangai e aterrissou duas horas depois na pista do aeroporto de Pequim. É um voo curto, mas que serve apenas para mostrar, cheio de passageiros, como é um voo nessa nova aeronave. Alguns dos vídeos mostram um verdadeiro senso de euforia patriótica. O voo foi operado pela China Eastern Airlines, que já havia encomendado uma frota inteira.
A capacidade de passageiros é de 164. Como resultado, o nome C919 não corresponde à sua capacidade. Ele é um avião totalmente convencional. Sua ambição não é apenas substituir todas as aeronaves estrangeiras no território chinês, mas também internacionalizar-se. É por isso que ele atende a todos os padrões internacionais de segurança. Em última análise, a China quer acabar com o duopólio formado pela americana Boeing e pela europeia Airbus. Essas duas empresas sempre tiveram um controle sobre o mercado de transporte de passageiros e até mesmo de frete aéreo.
Só que o único problema hoje é que a maioria dos componentes é fabricada no Ocidente. Isso é particularmente verdadeiro para os motores e todo o sistema aviônico. O motor, por exemplo, vem do grupo europeu CGM International, os pneus são Michelin (ou seja, franceses) e o sistema de alta pressão é desenvolvido por uma empresa americana. Esse é um problema que a China pretende resolver com o tempo, desenvolvendo suas aeronaves 100% internamente.
O C919 está enfrentando os dois grandes best-sellers: o Airbus A320 e o Boeing 737. É um desafio muito ambicioso, mas que não parece impossível, dada a quantidade de dinheiro que o governo chinês é capaz de injetar. Deve-se ressaltar também que o C919 é comercializável a partir de hoje. Em outras palavras, ele tem sinal verde para voar a partir de agora. Foram necessários 10 anos para chegar a esse ponto, mas a China conseguiu. Agora estamos aguardando para ver se será um sucesso comercial. Sem dúvida, ele será vendido como pão quente na China, mas ainda não se sabe se seu preço convencerá outros países e companhias aéreas em todo o mundo.