O grupo fundamentalista Talibã assumiu o controle da capital Cabul e tomou o governo do Afeganistão, neste último domingo (15). O conflito começou em maio deste ano, quando o governo dos Estados Unidos decidiu retirar as tropas restantes no país asiático. Com isso, os extremistas iniciaram uma série de ataques a províncias da região e capturou todo o território. Nesse conflito, muitas mulheres serão afetadas e o Purebreak te explica o por quê!
Antes de tudo, vamos ao que é o Talibã! Atuando tanto de forma política quanto militar, ele é um grupo fundamentalista, de visão extremista da religião islâmica e que está pelo Afeganistão desde 1990.
Entre os anos de 1996 e 2001, o Talibã esteve no comando do país com o nome de Emirado Islâmico do Afeganistão. Nessa época, depois de tantos conflitos entre a invasão soviética e a guerra civil, o local estava um caos, sem acesso aos itens mais básicos que todo ser humano precisa para sobreviver, como água potável, comida e eletricidade. Com a população dependendo de ajuda humanitária, o Talibã impediu que ações internacionais entrassem no país, por política de desconfiança em relação a não-mulçumanos.
O foco do Talibã, inicialmente, era estabelecer um governo com visão extremista do Islã. No entanto, eles acabaram firmando parcerias com a organização Al-Qaeda, grupo terrorista criado por Osama Bin Laden, homem mais procurado do mundo em 2001, depois de comandar o maior ataque terrorista já visto no mundo: orquestrar o sequestro de dois aviões civis e lançá-los contra as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, nos EUA.
O Talibã queria focar em ações de política interna, no Afeganistão e partes do Paquistão, mas o governo caiu depois da invasão dos Estados Unidos, chamada de "Guerra ao Terror", naquele mesmo ano. A partir daí, o grupo passou a usar muita violência, ameaças, praticar o terrorismo, como por exemplo homens-bomba.
Em outubro de 2014, o exército estadunidense apenas virou treinamento e um apoio para as forças armadas do Afeganistão e, com isso, o Talibã viu a chance de usar todas sua manobras políticas e militares para se reerguer de vez e tomar o governo.
Em 2020, mais especificamente em fevereiro, eles já estavam quase 100% à frente do controle territorial do Afeganistão e assinaram um "acordo de paz" com os EUA. A ocupação estrangeira demorou um pouco além do previsto para sair pela transição na política, com Donald Trump deixando a presidência para que Joe Biden pudesse assumir o posto.
Com isso, o Talibã foi assumindo cada vez mais o controle e, no último domingo, eles chegaram pela capital Cabul e declararam a retomada pelo palácio presidencial. Antes, eles queriam negociar uma transição pacífica do poder, mas parece que não foi preciso combater resistência já que, horas antes, o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, fugiu do país. Vale destacar que, no comando, eles libertaram membros do Daesh e da Al-Qaeda das prisões. Um vídeo impactante mostrou Afegãos tentam fugir após Talibã reassumir o controle do país. Veja!
Mas por que as mulheres serão as mais afetadas pela volta do poder do grupo Talibã? Com a volta deles, as afegãs estão com medo de perder seus direitos sociais e econômicos que tanto lutaram para conquistar nas últimos 20 anos por conta da interpretação radical e estrita da lei islâmica deles.
Desde a retomada do poder, de acordo com a BBC Monitoring, as mulheres já não estão mais atuando como apresentadoras de TV e fotos com modelos sem véu e maquiadas pelas vitrines da capital estão sendo cobertas de tinta.
Em entrevista à "BBC", uma mulher, que não quis se identificar, falou sobre a falta de esperança. "Eu tinha muitos planos para o meu futuro, mas agora não posso trabalhar e nem ir para a universidade. Estou procurando uma maneira de sair do Afeganistão porque não há esperança para as mulheres", lamentou.
Já a ativista pelos direitos das mulheres e crianças em Cabul, Mahbouba Seraj, quer lutar para dialogar com o grupo Talibã.
"Se as mulheres do Afeganistão, as que estão envolvidas e temos trabalhado, pudessem se sentar à mesa e conversar com essas pessoas, eles poderiam ser inteligentes e se conscientizar sobre os recursos que têm com as mulheres. Porque antes disso, antes do Talibã, nem o mundo, nem nossa própria república, via realmente a força da mulher afegã", disse.