Nesta segunda-feira (24), novos fatos sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foram reveladas por um dos autores do crime, gerando um novo desenvolvimento para a investigação do que realmente aconteceu. Élcio Queiroz, ex-policial militar, acabou confirmando seu envolvimento.
Élcio, em colaboração com a Polícia Federal e o Ministério Público do Rio de Janeiro, forneceu detalhes do ataque contra a vereadora e o motorista, através de uma delação premiada. Queiroz, preso desde 2019 juntamente com o ex-policial reformado Ronnie Lessa, enfrentará julgamento por este ato no Tribunal do Júri, cuja data ainda não foi estabelecida.
Na delação, Queiroz identificou o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, também conhecido como Suel, como um participante adicional, e descreveu a sequência dos eventos. Queiroz relatou que, no Ano Novo de 2017, Lessa mencionou que estava planejando um crime. Lessa teria informado a ele e ao PM Edmilson, falecido em novembro de 2021, que estavam monitorando uma mulher por vários meses, mas sem especificar quem era.
Segundo Queiroz, Lessa indicou que houve uma tentativa de cometer o crime em 2017, mas que falharam devido a um problema com o carro conduzido por Maxwell, o qual Lessa suspeitava que havia desistido e inventado a falha mecânica.
O delator também decorreu sobre os detalhes do dia do crime. Segundo Queiroz, Maxwell estava ao volante, Lessa estava no banco de trás armado, e Edmilson seguia de perto, também armado, pronto para controlar o trânsito, se necessário. No dia do evento, Queiroz alegou que estava trabalhando para uma loja de móveis quando recebeu uma mensagem de Lessa por volta do meio-dia, solicitando sua localização e necessitando de um motorista.
Posteriormente, ele recebeu outra mensagem de Lessa por volta das 16h, pedindo que ele evitasse o horário de pico e fosse ao encontro dele na Barra da Tijuca. Ao chegar com seu carro, Queiroz deixou seu veículo na garagem de Lessa e, a pedido deste, deixou seu telefone no carro, seguindo com Lessa até um local próximo ao condomínio, onde um carro os aguardava.
Outro fato que chamou atenção é que Ronnie Lessa investigou o CPF e o endereço da vereadora Marielle Franco e sua filha Luyara Franco dois dias antes do crime, utilizando um site privado especializado em verificações de crédito.
O promotor Eduardo Morais falou sobre a motivação que Lessa teria para o assassinato de Marielle, que seriam as "causas defendidas" pela vereadora, às quais Ronnie tinha "ojeriza". Ele não exclui outras motivações.
"O crime foi praticado por conta, também, das causas defendidas por Marielle. Isso não exclui outras motivações. Não exclui o fato de que Ronnie tinha ojeriza às causas defendidas por ela, isso está na primeira denúncia e permanece", disse.