Um novo vulcão na Cidade do México? O anúncio partiu de pesquisadores da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) que, há algumas semanas, adiantaram sua previsão de que o México verá surgir um novo vulcão ao sul de sua capital, a Cidade do México.
A notícia foi adiantada pelo Milenio, um dos jornais mais relevantes do país, que recolheu os comentários de Ana Lillian Martín, da área de Vulcanologia, sobre a Sierra de Chichinautzin, na parte sul do anel montanhoso que rodeia a Cidade do México. Lá, na Sierra de Ajausco-Chichinautzin, localiza-se o vulcão Xitle. "Se há magma, nascerá um novo vulcão", explicou a especialista.
As condições tectônicas do Campo Vulcânico Chichinautzin, ao sul da capital, já favoreceram a aparição de um número elevado de vulcões monogenéticos, como são conhecidos aqueles que -diferentemente dos de tipo poligenético- entram em erupção uma única vez e costumam ter uma existência curta e também apresentam uma altura menor.
"No sul da cidade há um campo monogenético que conhecemos como Chichinautzin -explica ao El País Hugo Delgado, do Instituto de Geofísica da UNAM-. Se vemos imagens de satélite, notaremos que na zona há muitos vulcões pequenos e a origem de cada um respondeu a eventos independentes de ascensão de magma que os formou". O conhecido como campo vulcânico da Sierra del Chichinautzin é formado por centenas de vulcões monogenéticos
Dias depois e diante do alvoroço gerado, a própria universidade lançou em redes um breve comunicado no qual esclarecia parte dessa informação. "A UNAM esclarece que isso poderia ocorrer em 800 a 1.200 anos", apontava. Como referência, eles usam o nascimento do Xitle, há aproximadamente 2.000 anos. Responder ao onde e precisar o lugar mais ou menos exato em que o novo vulcão poderia nascer não é tarefa fácil.
Especialistas como Delgado investigam precisamente para concretizar isso, levando em conta, por exemplo, os níveis de dióxido de carbono no subsolo e identificando as zonas pelas quais o magma poderia subir. O foco dos especialistas está no sul da Cidade do México devido à sua posição no Campo Vulcânico, ao sul do Xitle. "Os campos vulcânicos monogenéticos são áreas onde um evento magmático ocorre através da ascensão do magma, mas em vez de sair pelo mesmo crater em cada evento há a criação de um novo vulcão", aponta ao Milenio.
É um fenômeno novo? Não. Há menos de um século, em 1943, os geólogos do estado de Michoacán já assistiram ao nascimento de outro vulcão monogenético, o Paricutín, que está localizado entre Nuevo San Juan Parangaricutiro e Angahuam.
Os tremores foram sentidos quase um mês antes e durante suas primeiras 24 horas subiu até cerca de 30 metros. "A atividade continuou com explosões de bombas e depósitos piroclásticos até 1949, com uma inatividade interrompida por uma reativação intensa que se estendeu até março de 1952, quando cessou de forma repentina", esclarecem as autoridades mexicanas, que precisam que os fluxos de lava cobriram 18,5 quilômetros quadrados e o vulcão alcançou 424 metros de desnível em relação ao Vale de Quitzocho-Cuiyusuru.
Há motivos para alarme? O comunicado divulgado pela UNAM no Twitter é claro. Primeiro, no uso do condicional. Segundo, em esclarecer que, a princípio, o fenômeno não ocorreria até dentro de oito séculos. E isso como cedo.
"É um fato que algum dia nascerá um novo vulcão no sul da Cidade do México, mas depende de como o dizemos, geramos incerteza, medo ou tranquilidade", conclui Delgado. Além disso, hoje ele indica que não há evidências de que o processo esteja acontecendo. "O que sabemos é que no sul da cidade há um campo vulcânico monogenético ativo e que existe a probabilidade de que no futuro, que não sabemos quando, possa ser gerado um novo vulcão", esclarece.
E como foi a erupção do Xitle? O Xitle é fundamental para entender o Campo Vulcânico, já que é o último que nasceu em Chichinautzin. O fenômeno foi registrado há cerca de 2.000 anos, sepultando a cidade de Cuicuilco com um extenso manto de lava que se estendeu por 300 quilômetros quadrados.
"Gerou muita lava. Se isso se repetir, a incandescência expulsa não causaria mortes, pois a população seria evacuada oportunamente, mas sim enterraria o que encontrasse em seu caminho", explica Marie Noëlle Guilbauld, da universidade. Em 2019, Martín del Pozzo e Amiel Nieto-Torres publicaram um estudo que avalia o risco de uma erupção no campo do Chichinautzin para a populosa Cidade do México.