Crítica "A Forma da Água": filme é uma metáfora sobre o preconceito!
Publicado em 1 de fevereiro de 2018 às 16:28
Por Purebreak
Você sabe lidar com o diferente?
"A Forma da Água" "A Forma da Água"© Reprodução
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Se você é apaixonado por cinema, sabe que alguns filmes possuem várias interpretações. E esse é o caso de "A Forma da Água", filme dirigido por Guillermo del Toro e que foi indicado a 13 categorias do Oscar 2018. A princípio, a trama parece apenas uma fábula, que conta a história da faxineira muda, Eliza Esposito (Sally Hawkins), que se apaixona por uma criatura marinha (Doug Jones). No entanto, nas entrelinhas, nos é apresentado muito mais do que isso.

"A Forma da Água" se passa na década de 60, período em que a Guerra Fria estava no seu auge e que Alemenha e Estados Unidos, além das ameaças, também disputavam a tão famosa corrida espacial. Eliza é faxineira desse laboratório secreto americano e num belo dia presencia a chegada dessa espécie misteriosa, conhecida como um Deus na América do Sul, capturada pelo agente Strickland (Michel Shannon), um oficial linha dura que é muito mais do que um homem mal humorado. O personagem pode ser identificado fácil como um típico "cidadão de bem" que no fundo não presta em nada.

"A Forma da Água" © Reprodução

Enquanto os pesquisadores e militares tentam entender mais sobre essa criatura, o que fazer com ela e como domesticá-la, Eliza acaba criando um vínculo. Com direito a muita música e ovos cozidos, vemos não apenas uma paixão surgindo, mais uma identificação entre os dois. Esposito gosta e também se vê nela. Principalmente pelo fato de se sentir solitária e diferente dos demais. No entanto, no momento que esse vínculo é fortalecido, os oficiais decidem que não há lugar para essa criatura na Terra.

Desesperada com essa possibilidade, Eliza tentará resolver esse problema com a ajuda dos seus amigos, Zelda (Octavia Spencer), com quem divide várias cenas e funciona muito bem como alívio cômico durante o filme, e Giles (Richar Jenkins), seu vizinho e companheiro de solidão. Aqui, é importante ressaltar que Zelda e Giles também representam minorias. Além do racismo da época que fica bem explícito no longa, acompanhamos as aflições de pintor, não apenas por ser gay, mas por se sentir tão sozinho nessa altura da vida.

"A Forma da Água" © Reprodução

Então, com a ajuda dos dois - e do cientista Dr. Robert Hoffstetler (Michael Stuhlbarg) - Eliza consegue retirar a criatura do laboratório e levar pra sua casa. Nesta altura do filme já fica claro que esse "anfíbio" não representa apenas um monstro de Guillermo del Toro, e sim todas as pessoas que já foram taxadas de diferentes ou vistas de forma inferior. Aliás, talvez seja por isso que Zelda e Giles consigam se solidarizar rápido com a situação e não fazem nenhum tipo de julgamento sobre a relação da mocinha e a fera.

Aliás, também é neste momento em que somos presenteados com cenas que, em um primeiro momento, podem até parecer bizarras. Mas, para quem já está envolvido com a história de amor de "A Forma da Água", entende que isso representa a paixão mais sincera. Esse é o filme de Guillermo del Toro, um romance entre dois seres incompreendidos, solitários e inferiorizados. Uma trama sobre preconceito que poderia muito bem se passar no século 21 e até bem mais realista.

"A Forma da Água" © Reprodução
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