Hoje é comemorado o Dia das Mães e toda mulher que assume esse papel passa por uma mistura de sentimentos, afinal é uma fase de muitas transformações em sua vida. Essas mudanças mexem com a sua forma física, vida social e a relação com o mercado de trabalho. Mas será que as empresas dão a devida atenção às dificuldades que elas têm em conciliar a carreira, saúde, desenvolvimento pessoal e ainda exercer a função materna?
Em muitos casos, é nesse momento que a insegurança chega às maternas da nossa sociedade, uma vez que as perspectivas do trabalho mudam sobre elas. Após a chegada de um filho, será que vai rolar aquela promoção tão sonhada? E o novo cargo que abriu? Ela seria indicada? De acordo com a médica Ana Bárbara Jannuzzi, o cenário ideal é aquele que acolhe a mulher, permitindo a coexistência de sua maternidade e de suas funções profissionais.
"Dentro das inúmeras possibilidades de retorno ao trabalho, como home office, presencial e híbrido, o cenário ideal é aquele que respeita às leis trabalhistas de proteção à Maternidade e Aleitamento e, além disso, que entende que existe um bebê na vida daquela mãe agora, e ela pode precisar de alguma flexibilidade em determinados momentos", explica ao Purebreak.
Antes de tudo, as empresas precisam demonstrar e aplicar mais a empatia. Mas como assim? Mulheres que se tornam mães e têm que estar em tempo integral no trabalho apresentam uma certa dificuldade de conciliar a carreira com a maternidade. É preciso ter a noção de que muitas delas disputam vagas em creches públicas e estão lidando com um novo momento, psicologicamente e emocionalmente falando.
É necessário também deixar claro que a sociedade caminha em passos de tartaruga quando falamos do acolhimento à mulher com relação ao seu salário. Não é novidade a desigualdade quando falamos desse âmbito e é responsabilidade das empresas refletirem sobre o impacto da maternidade na carreira dessas mães, e não fiquem somente cobrando por seus desempenhos. Como falamos anteriormente, é neste momento que elas procuram por mais estabilidade financeira ainda.
Depois que uma mãe volta ao mercado de trabalho, muita das vezes temem por ter que provar a todo custo seu valor em determinada empresa. Por isso, uma boa rede de apoio é tão importante. É preciso mostrá-las que elas ainda possuem as mesmas habilidades e competências para se manter no game. Os sonhos ainda estão ali e eles não podem morrer!
"A rede de apoio é fundamental, e alguém (ou alguma instituição) será escolhido como fonte principal de cuidados ao bebê no retorno ao trabalho da mulher. Geralmente, há a contratação de uma babá ou alguém da família se dispõe a ajudar. Algumas famílias optam por colocar a criança em creches ou berçários. Apoio neste momento é fundamental, pois sabemos que muitas mães sentem muita angústia no retorno ao trabalho", afirma Ana Bárbara Jannuzzi.
Muitas empresas têm ótimos programas de integração para novos funcionários, mas pesquisas revelam que quase nenhuma dá o mesmo nível de atenção às que retornam da licença maternidade. Segundo a médica, existe na CLT uma obrigação às empresas que tem mais de 30 funcionárias mulheres com mais de 16 anos de terem um espaço físico adequado para as crianças de até seis meses dentro da empresa.
Aqui estão algumas abordagens que é possível considerar para dar acolhimento à mulher. "Sou a favor de ambas as questões, uma vez que elas facilitam a vida da família neste retorno ao trabalho. Vale lembrar que a amamentação não deveria ser apenas por seis meses, então precisamos pensar em soluções mais duradouras do que apenas este período. Horários mais flexíveis também são uma excelente saída para que as mulheres se mantenham no mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, possam dar conta da demanda de um bebê. As empresas que observam essas diferenças nas necessidades da mulher que retornar ao trabalho após o nascimento do bebê tendem a ter funcionárias mais satisfeitas, que trabalham mais tranquilas e melhor. Um olhar cuidadoso e atento às necessidades de uma recém mãe é, na verdade, um investimento na empresa", diz.
Por fim, Jannuzzi completa dizendo que estudos mostram que cada dólar investido na primeira infância (e aí se inclui as medidas de proteção ao aleitamento e ao vínculo mãe-bebê) retorna cerca de 7 dólares para a sociedade. "Investir nessa fase não é um gasto social/da empresa. É um investimento", finaliza.