Desde que as autoridades decretaram o isolamento social e principalmente o lockdown como as melhores formas de combater a pandemia provocada pela Covid-19, todos nós tivemos que adaptar nossas vidas. As vacinas podem estar aí, mas ainda temos que continuar em casa até que elas cheguem a todes. A escola, o trabalho e as relações sociais mudaram completamente. Somado a isso, tivemos que passar a conviver com a ideia da morte de uma forma muito mais forte do que antes. Com isso tudo, é claro que nosso corpo e mente são afetados.
O que não percebemos, muitas vezes, é que devemos nos culpar menos pelos sentimentos negativos e dificuldades de desenvolver as atividades do dia a dia. Se sentir mais ansiose, estressade e impaciente é bem ruim, mas que tal procurar maneiras de lidar com isso tudo em vez de se colocar mais para baixo? Nós buscamos a psicóloga Jaqueline Reis (CRP 25-803) para nos confirmar quais reflexos o isolamento social pode trazer na vida das pessoas. Se você perceber algum deles em seu jeito, já sabe, né? Menos culpa e mais compreensão.
Os efeitos desse tipo de mudança de estilo de vida são variáveis e individuais, como explicou a psicóloga. No entanto, alguns comportamentos levam destaque.
1. Insônia
Aquele sono que não chega, mesmo depois de tentar várias vezes dormir e evitar atividades que nos despertam, como ficar mexendo no celular.
2. Irritabilidade
Tá faltando paciência nos últimos meses? A irritabilidade tem relação com a raiva e as frustrações que sentimos.
3. Medo
Não é por estar sentindo mais medo agora, que você não seja uma pessoa valente.
4. Angústia
O sentimento que toma nosso corpo, causando inquietude e a sensação de falta e carência de alguma coisa.
5. Tristeza
Se sentir triste faz parte da nossa vida, mas não é normal quando ocorre sem motivo aparente e constantemente.
6. Estresse
A maneira que você fica no final do dia, com um peso nas costas enorme e tendo muita preocupação com as situações.
7. Depressão
O quadro é caracterizado por uma tristeza profunda, pouco interesse pelas atividades e relações cotidianas, perda de ânimo e mudanças de humor muito constantes.
8. Ansiedade
Aquele aumento no nervosismo para realizar coisas comuns. Apreensão e preocupação demais também, principalmente em relação ao futuro.
9. Compulsão
Aqui está qualquer comportamento obsessivo por certa prática: alimentar, sexual, bebidas alcoólicas em excesso, jogos de uma maneira geral, redes sociais, internet e por aí vai....
10. TOC
O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) nos leva a ter pensamentos excessivos que resultam em comportamentos repetitivos.
Ainda segundo a psicóloga Jaqueline Reis, esses comportamentos podem gerar sentimentos de impotência, incerteza com relação ao futuro e falta de perspectiva. Além disso, apatia, desânimo, desmotivação, pânico e medo irreal - que não tem relação com o que vivemos, mas é criado por nós - também foram citados.
As pessoas formam uma espécie gregária e altamente sociável, ou seja, vivemos bem em grupo e assim nos formamos como indivíduo e sociedade. "O ser humano não sobrevive sem o outro, um bebê morre se alguém não cuidar e alimentar", explicou Jaqueline. Com o distanciamento, deixamos de praticar atividades conjuntamente e isso altera inclusive a produção de certas substâncias no organismo.
Os hormônios do bem, por exemplo, têm a finalidade de trazer saúde e bem-estar, equilibram nosso sistema imunológico e físico, produzindo uma harmonia perfeita nas funções do órgãos do corpo. A psicóloga comenta em que situações eles são produzidos: "Eles são liberados quando estamos com pessoas que amamos, amigos, família, no trabalho, fazendo alguma atividade física, assistindo um bom filme, lendo um livro que nos interessa, um banho de mar... enfim, qualquer atividade que nos traga prazer, alegria e bem-estar".
Quais são os hormônios do bem?
A ocitocina é mais conhecida como hormônio do amor, porque a liberamos quando estamos em relações sociais de carinho e afeto, como um beijo. Quem não gosta, né? Já a serotonina é um neurotransmissor que regula e melhora o humor, produzida em atividades físicas, por exemplo. A dopamina é o hormônio da felicidade, que ativa o sistema de recompensa cerebral, provoca a sensação de prazer e aumenta a motivação bem como a libido. Por fim, a endorfina ameniza o estresse e funciona como um analgésico natural.
O que fazer para melhorar?
Afastades de muitas dessas atividades que nos trazem mais conforto, devemos retomá-las da forma possível e, se necessário, buscar ajuda profissional. Com todos os sintomas negativos do isolamento social, o cérebro acaba por disparar no nosso corpo hormônios que são nocivos. A psicóloga Jaqueline Reis citou o cortizol, a adrenalina e a noradrenalina, que são altamente tóxicos e potencializam as chances de termos diferentes tipos de doenças.
Procure os hormônios do bem, se culpe menos pelas mudanças e confie no potencial do seu organismo. Como dito pela nossa entrevistada: "Enquanto humanos, é claro, sentimos muito por tudo isso, mas o nosso cérebro tem a finalidade e missão de proteger a vida a qualquer preço".