Nesta quinta-feira (20), a diretora Carolina Jabor faz sua estreia nos cinemas com seu primeiro filme ficcional "Boa Sorte". O longa, considerado o projeto mais importante da carreira da protagonista Deborah Secco, carrega grandes expectativas e tem a pretensão de tocar o público de uma maneira reflexiva.
A história retrata o encontro entre Judite (Deborah), uma soropositiva usuária de diferentes drogas, e João (João Pedro Zappa), um jovem de 17 anos viciado em medicamentos psicotrópicos. Duas mentes perdidas que iniciam uma intensa relação de auto-conhecimento e ensinamentos mútuos. A mulher, que passa os dias à beira da morte, transfere ao menino sua alegria de viver. Enquanto o rapaz, por sua vez, a apresenta um tipo de amor até então desconhecido.
O roteiro, adaptado por Jorge Furtado a partir de um conto de sua autoria, é narrado de maneira tão leve que o espectador quase nem percebe o peso e a dramaticidade dos temas abordados. O cenário da clínica de reabilitação, por exemplo, é usado meramente como um ponto de encontro e não atribui à trama o clima pesado que já é de costume nas telonas.
Grandes nomes da dramaturgia brasileira, como Cássia Kis Magro e Fernanda Montenegro, completam o elenco de peso da produção. As atrizes honram suas pequenas participações com interpretações sofisticadas que, em parceria com a simplicidade das sequências, tornam o filme um trabalho conceitual. Outro ponto forte do projeto é a trilha sonora, que se mostra silenciosa na maior parte do tempo e cresce em alguns momentos fundamentais para o amadurecimento da trama.
"Boa Sorte" tem um desenvolvimento cativante e não deixa a desejar. O filme parece exercer um tipo de encantamento que ensina ao público a verdadeira noção da morte e empresta uma ansiedade instantânea de viver. Então, se prepare, porque você não vai sair do cinema da mesma maneira que entrou.
(por Dóris Marinho)