Hoje em dia, "Tron" é considerado um clássico sem concessões: com 40 anos de idade, ninguém contesta seu papel visionário ou seu uso pioneiro de efeitos especiais de computador. Até mesmo seu enredo, no qual um programador entra nas entranhas de um computador, é óbvio e quase comum após o sucesso de ofertas como "Matrix", mas, na época, ninguém havia feito nada parecido.
Foi esse status de pioneiro que o prejudicou um pouco e transformou a aposta da Disney em um fracasso que arrecadou apenas 50 milhões de dólares (um fracasso tão grande que o videogame da Midway para fliperamas, inspirado em seu enredo, arrecadou mais dinheiro). Sua estética e enredo eram difíceis de serem assimilados pelo público da época.
"Tron" não foi difícil de ser assimilado apenas pelo público: a própria indústria se recusou a reconhecer a natureza inovadora do filme. Visualmente deslumbrante (apesar de sua crueza técnica, a estética é fascinante até hoje), a Academia de Cinema nem sequer se dignou a indicá-lo na categoria de Melhores Efeitos Especiais. O motivo? Foi considerado "trapaça" fazer efeitos com o auxílio de um computador. Seus concorrentes naquele ano eram três clássicos do calibre de "E.T.: O Extraterrestre" (que venceu), "Poltergeist" e "Blade Runner", mas "Tron" teria merecido estar lá.
É curioso que "Tron" tenha sido considerado uma trapaça, pois a criação de seus efeitos não foi nada simples. Foram necessárias quatro das principais empresas de computação gráfica da época para produzir pouco menos de vinte minutos de CGI. Para se ter uma ideia dos métodos rudimentares envolvidos, os computadores usados tinham cerca de 2 MB de memória e apenas 330 MB de armazenamento, e os icônicos planos de fundo pretos do filme seriam originalmente brancos, como em "THX 1138", mas os computadores não conseguiram gerá-los e tiveram que optar por planos de fundo pretos.