Os problemas trazidos pela pandemia do coronavírus são muitos. Desde as grandes perdas vivenciadas pelo mundo todo, até danos psicológicos irreversíveis pela quarentena de quase dois anos, as consequências desse período só poderão ser medidas, de fato, no futuro. Agora mesmo pessoas relatam dificuldades em socializar e retomar o contato presencial, inclusive no que diz respeito aos relacionamentos. Pensando nisso, conversamos com a psicóloga Rute Pereira para entender melhor como voltar a ativa após todo esse tempo.
Ela explica que nós, seres humanos, somos seres sociáveis, de forma que nos constituímos nas relações. Isso significa que, com a pandemia, nossa rotina e nossa forma de se relacionar uns com os outros se modificaram. "De repente, nos vimos obrigados a ficar trancados dentro de casa e aos poucos desacostumando com o convívio social. Com isso, as pessoas que já possuíam mais dificuldades com interações sociais, seja por timidez ou tipo de personalidade, tiveram menos oportunidades de treinarem suas habilidades de comunicação e consequentemente mais dificuldade para se relacionar", conta.
A primeira coisa que se deve fazer para tentar retomar as relações com outras pessoas é reconhecer essa dificuldade e, a partir disso, saber que será preciso um esforço para conseguir superá-la. "Nosso cérebro se adapta bem ao treino, então a medida que executamos uma atividade, aos poucos ela se torna mais fácil, como andar de bicicleta ou dirigir. No caso dos relacionamentos, quando a pessoa começa a buscar a interação social, aquilo que no início era difícil, se tornará mais confortável."
A profissional ainda adverte que devemos respeitar os nossos limites "e saber que podemos progredir gradualmente". Uma boa dica é pensar nos ambientes você se sente mais confortável fora de casa e começar por eles, ainda que vá lá sozinhe mesmo, a princípio.
E se mesmo assim você achar que não está confortável para ir em algum encontro com muitas pessoas, ou lidar com outres indivídues cara a cara, uma boa solução pode ser recorrer aos aplicativos de relacionamento. "[Eles] quando bem utilizados, podem ser um bom recurso para grande parte das pessoas. O ponto de atenção deve ser para não viver somente no mundo virtual. Devemos ter clareza que é possível se desconectar do online e ainda assim, desfrutar da vida real na companhia de pessoas especiais", finaliza.
Diferente do que pensávamos, o "novo normal" não é tão fácil quanto parece e cada um lida com essa retomada gradual à atividades cotidianas de uma forma. Não há resposta certa ou errada para se relacionar com alguém. Respeite seu próprio tempo e a pessoa certa pode chegar mais cedo do que você imagina.