A novela "Salve-se Quem Puder" está chegando ao fim e cada vez mais próximo de formar os finais felizes dos casais. E se tem um deles que vêm chamando bastante atenção e conquistando o público é Renatinha (Juliana Alves) e Catatau (Bernardo de Assis). Na trama, a secretária vai se sentir mais valorizada depois que o colega de trabalho começar a disparar as cantadas e elogios, deixando de chorar pela atenção do ex-namorado Rafael (Bruno Ferrari).
Catatau se mostrou cada vez mais disposto a conquistar o coração de Renatinha e ganhou ainda mais admiração e respeito dela depois de ter se assumido como um homem transgênero. Segundo informações, no dia 14 de julho os dois irão se beijar, marcando o primeiro beijo entre uma mulher cisgênero e um homem trans da história das novelas brasileiras. "Ninguém mexe com o meu macho!", dispara a intérprete de Juliana Alves contra o preconceito dos ex-colegas do estagiário da Labrador.
Em recente entrevista ao "Extra", Bernardo de Assis contou não ter tido referências de pessoas trans em sua infância e adolescência.
"Sentia incômodos com o meu corpo e com algumas ideias, mas achava que era algo particular. A sociedade me enxergava como lésbica, mas, quando uma namorada me olhava como mulher, eu negava ser uma. Era como se o meu quebra-cabeça estivesse embaralhado. Aos 15, escutando as palestras e lendo os livros do João W. Nery (psicólogo e ativista LGBTQIAP+), percebi que o sofrimento dele era igual ao meu. E que havia um nome para tudo aquilo", disse.
O processo de transição de Bernardo de Assis começou aos 21 anos e tomando hormônios. Em 2007, o ator passou por uma mastectomia.
"Foi libertador, porque os seios sempre me incomodaram muito, eu usava faixa compressora para escondê-los, e machucava. Quando a enfermeira tirou os curativos e eu me olhei no espelho, chorei feito criança. Hoje, estou num processo de me amar. É uma luta diária, porque a sociedade impõe que nosso corpo tem problemas, que precisamos modificá-lo o tempo todo", comentou.
Infelizmente, Bernando de Assis faz parte da parcela de pessoas trans que perderam vínculo com a família, mas ele acabou construiu um novo laço com um casal de tios.
"Minha mãe escolhia as minhas roupas, me forçava a ser o mais feminino possível, a manter o cabelo longo. Numa viagem, eu decidi cortá-lo e fiz uma foto. Ela me mandou uma mensagem dizendo que eu não precisava mais voltar. Meu pai de criação decidiu não se intrometer na decisão dela; com o biológico, nunca tive contato. Então, deixei tudo pra trás", completou.