Se você cresceu assistindo às animações da Disney já deve ter reparado como características bem específicas se repetem entre os personagens de diferentes histórias, dependendo da sua função na trama. Tem a mocinha indefesa, o príncipe ou herói e, claro, o vilão. De uns tempos para cá, características menos conservadoras e limitadas foram atribuídas aos personagens. Um ótimo exemplo são as princesas que não necessitam mais de um príncipe para satisfazer suas necessidades, como a Elsa, de "Frozen". Mas e quanto aos vilões?! Você já reparou em como eles eram representados nos clássicos da Disney e se algo mudou de lá pra cá?!
Nas produções mais antigas, é possível notar que a maioria dos vilões compartilhava trejeitos mais "afeminados" (ou "brutos", dependendo do gênero) e intensa vaidade. Muitas vezes eram personagens mais reclusos, sem família e desprezados pela sociedade. Podemos encontrar essa forma caricata de identificação, que contém muitos dos estereótipos de uma pessoa LGBT, nas produções dos anos 1980 e 1990. Em um vídeo do seu canal no YouTube, a influencer e drag queen Lorelay Fox trouxe a questão à tona. Se você nunca reparou, que tal pararmos pra prestar atenção agora?
A vilã de "A Pequena Sereia" (1989) foi inspirada em uma drag queen famosa nos cinemas chamada Divine. Mas há uma grande e importante diferença entre representar e estereotipar.
A Úrsula incorpora o estereótipo da mulher lésbica que não é feminina. Possui uma voz "grave", traços mais "brutos" e vive afastada, sem qualquer contato com os seres do oceano.
O Jafar, de "Aladdin" (1992), possui traços mais finos e delicados, além de ser caracterizado como um personagem bastante "afeminado". Novamente, observamos características usadas para estereotipar pessoas LGBTs sendo utilizadas no personagem temido de uma história.
A mesma fórmula pode ser observada em outros vilões, como, por exemplo, o Gastón, de "A Bela e a Fera" (1991), Hades, de "Hércules" (1997), o próprio Scar, de "O Rei Leão" (1994) etc.
No vídeo abaixo, Lorelay Fox nos lembra o fato de que na época em que todos estes filmes da Disney foram lançados os homossexuais eram vistos pela sociedade como uma ameaça moral. Soma-se a isso o surto do HIV no final dos anos 1980 e durante os anos 1990 que fomentou o ódio e o medo aos homossexuais.
Dessa forma, todos esses detalhes usados para estereotipar a comunidade LGBT e que a sociedade lia de forma negativa eram incorporados direta ou indiretamente nestes vilões.
Nos anos 2000 já dá pra ver uma certa mudança nos filmes e tais características podem ser vistas em personagens mais amigáveis. No entanto, ainda há muito para ser conquistado e, de fato, representado nestas produções.