Nos últimos anos, muito tem se falado sobre aceitação, autoestima e o movimento body positive. Mas, na prática, o que estamos fazendo para mudar concepções antigas sobre o corpo, levando em conta que transtornos alimentares - como anorexia, bulimia e compulsão - atingem mais de 4% da população da América Latina?
A marca de lingerie de Rihanna, por exemplo, ficou conhecida por trazer modelos de diferentes tamanhos, idades, gêneros e raças - mas a iniciativa ainda é raridade no mercado. Nas redes sociais, apesar de estarmos nos policiando um pouco mais quando vamos falar sobre corpos alheios (o ideal é não opinar, né?), muitas pessoas ainda são alvo de comentários opressores.
Por isso, medidas como a mudança na política do Pinterest, vetando anúncios sobre perda de peso, são essenciais e podem fazer muita diferença. Vamos explicar porquê!
Na última semana, Selena Gomez gerou muita repercussão ao posar para marca de biquíni expondo seu corpo livre de retoques, sem aquela "barriga chapada". Apesar de ser, sim, um ato muito empoderador, é inegável que o corpo de Selena ainda se mantém dentro de todos os padrões estéticos impostos pela sociedade e indústria da beleza.
Mas comentários questionando a aparência de uma pessoa dentro do padrão, como é o caso de Selena Gomez, podem acabar causando um impacto para quem tem corpos maiores, as fazendo pensar, muitas das vezes, coisas como: "se mostrar essa barriga é um ato de coragem da Selena, eu não vou mostrar a minha".
Algo muito semelhante aconteceu quando Camila Cabello foi flagrada, no último mês, de biquíni na praia. Sua silhueta é enxuta, mas, pelo simples motivo de não exibir um abdômen malhado e uma pele sem celulite, a cantora foi alvo de comentários negativos.
É muito importante incentivar e pensar em medidas mais efetivas para propagar maior aceitação entre as meninas e mulheres, como algumas redes sociais e órgãos governamentais já estão fazendo.
Na última quinta-feira (1º), o Pinterest - rede social queridinha entre Millennials e Geração Z - fez um anúncio importante. A empresa vai vetar todos anúncios com textos ou imagens que vendam a ideia de um "corpo perfeito". É a primeira rede social que toma medida do tipo, expandindo a política já existente que valoriza saúde mental e autoaceitação.
Na prática, isso quer dizer que podemos rodar pelo Pinterest tranquilamente, sabendo que não vamos esbarrar em anúncios de produtos de emagrecimento, com testemunhos e depoimentos sobre perda de peso rápida ou que citam o IMC "ideal" ou um peso perfeito - já que só um médico pode te informar isso.
É, portanto, um baque direto nas empresas que lucram em cima de pessoas com baixa autoestima e visões distorcidas do próprio corpo. Agora, elas vão ter que se reinventar se quiserem anunciar na rede. Ou seja, um grande passo.
Lembra quando influencers de todo o mundo faziam publis e distribuíam conteúdos pagos à vontade? Era uma prática bem comum, resultando em várias pessoas impactadas por um post sem saber que aquela conta estava sendo remunerada para vender o produto.
Por isso, hoje vemos muitas #publis e #ads - que podem parecer detalhes, mas fazem grande diferença em como recebemos aquele conteúdo.
A Noruega acaba de dar um passo além e protocolar uma lei que obrigada influencers e instagrammers a sinalizarem fotos e vídeos editados e manipulados. Ou seja, sumiu aquela manchinha, clareou o dente e deu uma afinada na cintura? Você tem que dizer.
Por enquanto, a legislação fala só sobre conteúdos pagos, mas a ideia é que, em breve, se refira a qualquer tipo de post nas redes sociais. De acordo com o próprio Ministério da Criança e da Família do país, é uma forma de impedir que publicidades tenham impactos negativos na formação de meninos e meninas de todas as idades. De pouquinho a pouquinho, chegamos mais perto de termos uma sociedade que não sonha com um "corpo perfeito". Aí, nossa única preocupação pode ser saúde e felicidade, em todos os níveis da vida.