Praticar muito esporte pode nos causar problemas: conselhos científicos para melhorar a saúde do coração
Publicado em 2 de novembro de 2023 às 14:05
Por Maria Luisa Pimenta
A prática de atividade física é essencial para a nossa saúde física e mental. Porém, realizar exerícios em excesso não é recomendado, pois o resultado acaba sendo negativo.
É importante ter equilíbrio para realizar exercícios físicos É importante ter equilíbrio para realizar exercícios físicos© Getty Images
Exercícios demais também pode ser um problema
Atividade física é essencial, mas o excesso é prejudicial
É importante ter um equilíbrio ao praticar atividades físicas
Atividade física em excesso pode fazer mais mal do que bem
Veja + após o anúncio

Dizer que o exercício é bom para a saúde é hoje tão evidente que quase poderia ser considerado um axioma. Mas há muitas maneiras de se exercitar, e algumas serão mais adequadas do que outras para atingir nossos objetivos, e algumas podem até ser contraproducentes. De todos os motivos para ir à academia, a saúde cardiovascular é, sem dúvida, um dos mais importantes. Mas se quisermos otimizar nossos resultados, quais são as melhores estratégias de acordo com os especialistas?

Algumas pessoas não se beneficiam com o HIIT

Há um certo consenso de que a atividade física intensa (como o treinamento intervalado de alta intensidade, também conhecido como HIIT) pode ser contraproducente para a saúde cardiovascular, pelo menos para algumas pessoas. "O [treinamento] HIIT é um ótimo regime para pessoas jovens e saudáveis. Se você for mais velho ou tiver doença cardíaca, consulte seu médico antes de tentar", recomendou I-Min Lee, professor de medicina da Harvard Medical School.

Essa forma de treinamento de alta intensidade foi o tema de um estudo recente em pessoas saudáveis com idades entre 70 e 77 anos. O estudo analisou vários modos de exercício, incluindo modos HIIT adaptados. Essa modalidade HIIT oferece, em princípio, a oportunidade de melhorar nossa saúde cardíaca com mais esforço por menos tempo, mas o estudo não encontrou diferenças significativas na expectativa de vida entre os grupos que se submeteram a diferentes rotinas. O estudo não implica que o esporte intenso seja prejudicial em si mesmo, mas deve-se ter em mente que esses são exercícios estabelecidos por especialistas para um grupo controlado. Em outras palavras, procurar orientação médica pode ser uma boa ideia se quisermos tornar nosso exercício um pouco mais intenso, mas sempre tendo em mente que aumentar a intensidade não nos fará viver mais do que se nossa atividade física for moderada.

Mais estudos sobre o HIIT

Outro estudo realizado há alguns anos sugeriu que o exercício moderado era, de fato, uma estratégia melhor do que o exercício intenso para reduzir o risco de doença vascular. O estudo foi realizado com mulheres que foram acompanhadas por nove anos. As participantes relataram seu nível de atividade física e os pesquisadores verificaram se elas tiveram algum evento relacionado ao coração durante o período de acompanhamento. Os pesquisadores descobriram que o exercício moderado reduziu o risco de problemas vasculares, mas a melhora foi menor naquelas com atividade física mais intensa.

Muitos especialistas recomendam evitar atividades extenuantes e sugerem que se dê preferência a atividades moderadas. O cardiologista José Luis Zamorano, ganhador do Prêmio Nacional de Medicina, destacou recentemente em uma entrevista ao jornal El Mundo que "o esporte é bom, mas fazer exercícios intensos é como comprar ingressos para sofrer um ataque cardíaco ou uma síncope".

Muita intensidade, muita quantidade

Algo semelhante também pode acontecer com a quantidade de exercícios que fazemos. Um estudo de 2017 descobriu que as pessoas cuja atividade física era três vezes maior do que as recomendações de atividade física emitidas pelo Departamento de Saúde dos EUA tinham uma prevalência maior de calcificação da artéria coronária. A presença de cálcio nessas vias circulatórias é um fator de risco para doenças cardiovasculares. De acordo com o estudo, as pessoas que realizavam o equivalente a sete horas e meia (ou 450 minutos) de exercícios moderados por semana tinham 27% mais chances de sofrer com essas calcificações a longo prazo.

Equilíbrio é a chave

No entanto, o estudo também descobriu que o risco de diabetes tipo 2 era maior para aqueles que não cumpriam as recomendações de atividade física semanal. Portanto, se esse estudo servir de base para alguma coisa, a conclusão é clara: o equilíbrio é a chave para a saúde. Outros estudos chegaram a conclusões semelhantes. Um exemplo disso é um publicado em 2015 que estudou a mortalidade em corredores amadores e não corredores. O estudo constatou que a mortalidade variava em um formato de U em relação ao aumento da "dose", quantidade de exercício e frequência de corrida.

Sabemos pela ciência da saúde que o esporte é bom para a saúde. No entanto, o fato de que a prática de uma quantidade mínima de atividade física diária ou semanal tem um impacto positivo em nosso bem-estar não significa que essa relação esteja aumentando constantemente. Pode haver limites tanto para a intensidade quanto para a quantidade de exercícios que fazemos, mas a ciência ainda tem muito a pesquisar nesse sentido. Entender o que nos torna mais saudáveis e como essas relações ocorrem é uma questão importante para os especialistas em saúde.

Uma melhor compreensão dessas interconexões permitirá que os especialistas em saúde recomendem maneiras de se exercitar que sejam cada vez mais adaptadas às nossas necessidades individuais. Enquanto isso, podemos recorrer a rotinas que são mais ou menos adaptadas ao que estamos buscando, como melhorar a saúde do coração. E, é claro, sabendo que, em caso de dúvida, são esses mesmos profissionais que podem nos aconselhar melhor do que ninguém.

Palavras-chave
Saúde Comportamento Curiosidade