Quem pensou em partir para o curso de História achando que iria sobrar tempo livre para fazer e vender sua arte, como dizem por aí, devia rever seus conceitos. Para ser Historiador é necessária boa dose de paixão pelo conhecimento, leitura e vontade de analisar o mundo de forma crítica. O Purebreak conversou com a Pérola Martins Lannes, de 21 anos, que estudou Licenciatura em História na UFF. Ela explicou tintin por tintin como é esse ramo da área de humanas.
Antes de de mais nada, é essencial levar em consideração o quanto a disciplina de história te motivava na época do colégio. "Sempre tive curiosidade sobre o funcionamento da vida em sociedade, e a História me trazia, e ainda traz, respostas a esse respeito", contou Pérola. "Entendemos como todo mínimo acontecimento pode ser complexo e importante mesmo depois de séculos".
Historiador versus Professor
Professor, independente da disciplina, indica um profissional que ministra aulas. Já Historiador representa o trabalho na área de pesquisa histórica. No entanto, "todo professor é também um pesquisador", revelou a jovem. "Usamos o título por associação".
Por isso, vai se dar bem na carreira quem acredita ter algum potencial para ensinar. Um talento que requer um pouco de carisma, senso de liderança e muita paciência. "As outras áreas de atuação são muito restritas, então o profissional formado provavelmente precisará lecionar, nem que seja por um tempo, só para pagar as contas", confessa Pérola.
Apesar desse papel não ser tão valorizado no nosso país, há algumas vantagens: "clima mais dinâmico do que um escritório, uma boa autonomia no ambiente de trabalho, que é mais informal, e uma relevância social muito forte. O trabalho do professor também é preparar o aluno para o exercício da cidadania", revela. "Nos aposentamos cinco anos mais cedo, as férias são sempre no verão e, no geral, maiores que as dos demais. E ganhamos chocolates dos alunos!", brinca a moça.
Até o momento, a licenciatura é exigida somente para dar aulas. Não é necessário ter um diploma para fazer pesquisas. Mas vale saber que há um Projeto de Lei tramitando no Congresso para regulamentar isso.
Segmentos: onde trabalhar?
Além de aulas no ensino fundamental, médio e superior, é possível atuar em museus e arquivos, organizando as obras de forma historicamente adequada. O que pode incluir auxílio aos museólogos para projetar exposições com o acervo.
Outra área que se aplica é o setor audiovisual em produções de época, como a novela da Globo "Além do Tempo ", por exemplo. A equipe de historiadores auxilia para que o roteiro, caracterização dos personagens e cenário sejam fiéis. "Além disso, historiadores podem trabalhar na redação de revistas especializadas para o grande público, como a Aventuras na História da Abril", contou Pérola.
Mercado: salário e carga horária
Em uma jornada de 40 horas semanais, o piso nacional para professores de escolas públicas é de R$ 1.917,78 mensais. A rede estadual paga quase 3 mil e a federal têm salários de 4 mil, podendo chegar a 9 mil com doutorado. "Nas regiões mais afastadas das grandes cidades, costuma-se pagar melhor pela carência de mão de obra formada", aconselha Pérola. A renda de colégios particulares de elite e pré-vestibulares pode até ultrapassar esses valores. Também é possível lecionar em vários locais diferentes, acumulando os salários.
"Meu conselho pra quem pensa em seguir a carreira é: caso você se observe, no futuro, frustado com o magistério, você largaria sua carreira para fazer outra coisa? A resposta tem que ser 'sim'. Nada pior que um professor frustado em sala de aula. Ele acaba virando um sádico, descontando nos alunos e fazendo um desserviço à sociedade e à fama da disciplina", finalizou a historiadora.