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No dia a dia, podemos cometer vários deslizes em relação à nossa saúde mental que fazem com que o corpo e a mente estejam cada vez mais cansados. Aí chegamos no final de semana sem entender por que ainda sentimos tanto sono e como os dias de pausa não foram suficientes para dar uma revigorada na energia para a próxima semana. Parece familiar?
Para te ajudar a relaxar e manter a saúde em dia, conversamos com a psicóloga Isabela Vieira e a psiquiatra Natasha Ganem a fim de descobrir pequenos hábitos, que podem parecer inofensivos, mas acabam fazendo muito mal para nossa saúde mental. A partir daí, organizamos uma lista com as cinco "armadilhas" mais comuns e separamos também dicas para te ajudar a ter uma rotina mais saudável.
Ao mesmo tempo que alguns hábitos podem nos ajudar no dia a dia, outros tendem a prejudicar - e muito - nossa saúde mental. Por isso, o ideal é ter uma vida equilibrada, com maior concentração de ações que nos ajudam. "Nossa saúde acaba sendo o resultado dos fatores de risco para adoecer e os fatores protetivos, que evitam a doença. A meta é sempre acumular fatores protetivos", afirma a Drª Natasha Ganem.
A seguir, separamos cinco fatores de risco que você deve evitar na sua rotina.
Algo que tanto a psicóloga Isabela e a Drª Natasha concordam logo de cara é a importância do descanso durante nossos dias. Como você já deve ter percebido, a quarentena, home office e ensino à distância têm tornado o descanso um grande desafio, já que vemos nossa própria casa como ambiente escolar, universitário e profissional - mas é preciso tentar.
"Ficar horas a fio no computador ou celular, sem pausas no trabalho, principalmente quando se está em home office, são alguns hábitos que acabam prejudicando a atenção e levando ao esgotamento físico e mental. Tudo isso pode contribuir para o baixo rendimento e exaustão", afirma a psicóloga. A psiquiatra Natasha Ganem também indica uma pausa sempre que necessário. "Permita-se ter um tempo de descanso para realinhar as ideias. Tenha hobbies e busque momentos prazerosos".
"Aquela máxima 'você é o que você come' é realmente verdade", diz Drª Ganem. Por isso, todo o cuidado é pouco na hora de escolher como e quando se alimentar. A falta de vitamina e nutrientes prejudica não só o funcionamento de órgãos como coração, estômago e intestino, mas também de nosso próprio cérebro. Para entender qual é a alimentação mais indicada para o seu organismo e estilo de vida é fundamental consultar-se com ume nutricionista, mas de maneira geral, você já deve saber as regras básicas: evite excesso de açúcar, gordura e carboidratos processados.
Nesse caso, a profissional também destaca que o aumento no consumo de álcool e cigarros também pode estar associado à problemas na saúde mental, portanto, vale evitar o excesso dessas substâncias também.
Isolar-se totalmente, por mais que seja algo que você queira fazer, também pode prejudicar a sua saúde mental a longo prazo, sabia? Inclusive, uma vida sem vínculos afetivos - seja entre familiares, amigues e até mesmo pets - está associada ao maior nível de ansiedade, estresse e depressão. "Manter vínculos com pessoas amadas ou ter momentos prazerosos com seu pet ajuda muito. São ações que estimulam as principais vias cerebrais relacionadas ao prazer e quando elas ficam hiper-estimuladas, temos um efeito protetivo da saúde mental", afirma a psiquiatra.
Você provavelmente já ouviu falar que o sedentarismo faz mal para o corpo e para a mente. Não à toa, a prática constante de atividade física é uma das maiores recomendações na hora de prevenir e controlar casos de transtornos emocionais. Por isso, mesmo sendo uma dica batida, sempre é bom ressaltar a importância de manter-se ative. "O corpo em movimento significa maior liberação de endorfina no organismo", explica Ganem. Esse importante hormônio tem efeito analgésico e está associado a maior bem estar, humor e alegria.
É claro que depois de muito tempo no sedentarismo é difícil começar a se mexer, mas o corpo irá se adaptar. Se você acha que não vai conseguir, pois está sempre muito cansade, pense de novo: quanto mais energia você demandar do organismo com as atividades físicas, mais energia ele irá produzir. Como resultado, você ficará bem disposte durante a semana. Perfeito, né?
Isso mesmo, além de manter o corpo ativo, manter o cérebro em constante evolução também é essencial para ter uma vida saudável. Assim como ficar próxime de pessoas amadas, aprender coisas novas - um instrumento, uma receita diferente, uma língua estrangeira - ativa partes importantes de nossa mente.
"Aprender novas habilidades é ginástica para o cérebro, que tem que criar todo um circuito cerebral. É como se fosse um solo fértil e quando aprendemos algo novo, plantamos uma semente que pode dar origem a uma árvore incrível. Estimular a criação de novos circuitos cerebrais é muito positivo para a saúde mental como um todo", explica Drª Natasha.
Ok, mas nem sempre conseguimos cortar todas as manias nocivas e lotar nossa rotina de hábitos saudáveis. Por isso, adotar pequenos primeiros passos já é um grande caminho em busca de uma saúde mental estável. "Comece aos poucos. Hábitos não se criam da noite para o dia, então não se cobre por isso. Procuramos ações saudáveis para termos uma vida de qualidade e não para gerar mais cobrança", afirma Isabela Vieira.
A psicóloga também dá dicas práticas para mudar sua rotina um passo de cada vez. "Analise seu dia antes de elaborar um cronograma ideal, imagine o que é possível fazer no momento. Depois, inclua seu novo hábito gradativamente. Também vale elaborar um planner com todas as atividades que são urgentes, assim como aquelas que você gostaria de fazer. Desse jeito é possível manejar o tempo de forma mais eficiente, ajudando a minimizar a ansiedade que pode invadir os momentos de descanso", conclui a profissional que também indica mesclar atividades prazerosas nos dias da semana, sem deixá-las reservadas somente para sábado e domingo.
Já a Drª Natasha ressalta a importância de estar em contato com seu corpo e não viver de "modo automático", mesmo na rotina corrida. "Estar sempre atento aos sinais do corpo é uma forma de perceber quando algo está errado. A busca pelo médico psiquiatra e psicólogo é de extrema ajuda e às vezes fundamental para o restabelecimento físico-mental", afirma.