É isso mesmo que você leu! O "Big Brother Brasil 22" começou há menos de 24 horas, com a chegada dos participantes na casa na última segunda-feira (17), e já temos candidata a vilã da temporada e debates super importantes sobre raça e racismo chamando atenção no reality. Na madrugada desta terça (18), Natália Deodato, integrante do grupo dos Pipocas, deu o que falar após declaração polêmica sobre escravidão.
Em uma conversa sobre negritude no Brasil, racismo e história do povo preto, a modelo - que é uma mulher negra - fez uma fala que não pegou bem mesmo: "Realmente tem a história que a gente veio... E viemos como escravos sim. Por quê? Porque a gente era eficiente. Porque a gente era forte [...] A gente era bom no que fazia", disse Natália.
Confira o momento:
Fora da casa mais vigiada do Brasil, Deodato recebeu várias críticas e algumas pessoas afirmam que ela está divulgando uma visão romantizada da escravidão. Vem entender!
A fala de Natália tenta ver o lado positivo e até mesmo íntegro da escravidão. Afinal, aqueles pessoas foram escolhidas por que eram fortes, corajosas e trabalhadoras. Mas não é bem assim, como uma galera está tentando mostrar nas redes sociais. A graduanda em Pedagogia Tati Nefertari foi direto ao ponto: "A escravidão negra aconteceu por conta do racismo, da exploração racial. Nós não éramos 'bons' e sim tidos como inferiores e sem humanidade".
Se Natália tivesse razão, qual seria a "justificativa" para a escravidão dos judeus na Europa e os indígenas nativos na época da chegada dos europeus na América? O ato de escravizar determinado povo ou grupo, apesar de desumano, é recorrente na história.
Porém, os africanos eram trazidos de locais completamente diferentes e não tinham conhecimento do local, da vegetação e do clima do novo país. Além disso, pessoas de diferentes países, culturas e que falavam diferentes idiomas eram obrigadas a conviver. Tudo isso dificultava muito a resistência por parte dos negros escravizados, o que, estrategicamente, era bom para os colonizadores.
O vereador de Porto Alegre pelo PSOL, Matheus Gomes, também falou sobre o comentário de Natália. Ele reafirma o que foi defendido por Tati e diz que a escolha dos africanos como povo a ser escravizado não foi por acaso ou baseado em mérito das vítimas: "A história prova o contrário: a escolha do colonizador foi econômica e ideológica (racista)".
Além disso, Gomes ressalta que após a queda do regime escravocrata no Brasil - pelo menos legalmente -, muitos europeus vieram em busca de trabalho no país. Porém, os brancos eram vistos como "dignos" e uma defesa do "progresso", enquanto os pretos eram associados a "desordem" e "caos". Não porque isso é verdade, mas porque os trabalhadores europeus - que enfrentaram péssimas condições de trabalho - não eram vistos sobre a ótica do racismo.
Foi apenas o primeiro dia de "Big Brother", mas já vimos que vai ter muita discussão interessante na temporada de 2022!