O Dia Nacional do Combate à Discriminação Racial é comemorado neste sábado (3) no Brasil. A data foi escolhida com base no aniversário da primeira lei da Constituição contra o racismo no país. Em julho de 1951, o Congresso Nacional determinava que práticas de preconceito por cor ou raça são contravenções penais. 70 anos depois, estamos aqui, com uma realidade um pouco melhor, mas longe de ser a ideal.
De acordo com números do IBGE, dos 211 milhões de brasileiros, mais de 115 milhões eram negros. Para a pesquisa, o termo "negros" engloba pessoas que se autodeclaram pretos e pardos. Isso significa que a maior parte da população brasileira não é branca. Porém, os negros lideram com folga os índices de vítimas de violência, assassinatos e desigualdade salarial.
Para refletirmos sobre o Dia Nacional do Combate à Discriminação Racial, trouxemos quatro dados tristes que comprovam a importância (e necessidade) da data. Lembre-se: não basta não ser racista é preciso ser anti-racista!
Das vítimas de assassinato em todo o país, entre 2008 e 2018, 75% eram negras. O Atlas da Violência, responsável por coletar esses números, aponta também que isso significa que se você for um homem negro, você corre 74% mais riscos de morrer assassinado. A mesma pesquisa ainda afirma que o número de assassinatos de pessoas negras subiu 11,5% nessa década, enquanto homicídios de não-negros caiu quase 13%.
Isso está diretamente associado à violência policial e às principais famílias que sofrem com os confrontos. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que 75,4% das vítimas de intervenção policial realizadas em 2017 e 2018 eram negras. E há morte para todos os lados: apesar dos negros serem apenas 34% dos policiais no país, eles representam 51,7% dos profissionais mortos em serviço. A "bala perdida" no Brasil encontra com muita frequência os mesmos corpos, né?
A gente já cansou de falar sobre a importância da representatividade por aqui, não é? Pois é, para os negros, essa meta ainda está distante. O estudo "Desigualdade Racial" do IBGE apontou que pessoas pretas e pardas ocupavam apenas 29,9% dos cargos gerenciais no país. Por outro lado, os brancos eram quase 69%!
Ainda de acordo com a pesquisa, apenas 24,4% dos deputados federais eleitos em 2018 eram pretos ou pardos, mesmo os negros sendo a maioria no Brasil. E essa falta de representatividade é visível em todos os aspectos. O levantamento "Todxs?" afirma que as mulheres negras estrelam apenas 21% das propagandas televisivas, enquanto as mulheres brancas ocupam 74% da liderança das peças.
O Atlas da Violência e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública também apontam para dados específicos sobre as mulheres negras. O primeiro estudo revela que as negras representam 68% das vítimas de feminicídio entre 2008 e 2018. E, nesse mesmo período, o número de assassinatos dessas mulheres subiu 12,4%.
O assassinato é, sem dúvida, a última etapa de um ciclo de violência, mas até lá, existem muitos atos nocivos, que desrespeitam a liberdade da pessoa - como a violência sexual. O Fórum aponta que, de todas as vítimas de estupro em 2017 e 2018 no Brasil, 51% eram mulheres negras.
A desigualdade de renda entre as raças é outro problema grave. O estudo do IBGE afirma que, de todas as pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza no Brasil, 32,9% eram pretas ou pardas. Já os brancos, representam apenas metade desse índice. Isso significa que, da população que vive com menos de U$5,50 por dia, a maioria é negra.
O levantamento da empresa Catho também sinaliza esse problema. A instituição notou a diferença de salários entre os dois grupos e foi confirmar essa discrepância. Eles perceberam que os trabalhadores negros ganham em média 30% a menos do que brancos.
O racismo no Brasil é um fato e é um problema de todes nós! Precisamos falar sobre raça, preconceito e violência com mais frequência, ensinando desde cedo para crianças e adolescentes o básico. Racismo, além de ser simplesmente comportamento de pessoas ignorantes, é crime. E você pode ser responsabilizado por isso!