Na última sexta-feira (24), a Netflix lançou "Não Olhe Para Cima", produção super aguardada pelos fãs. O longa, escrito e dirigido por Adam McKay, tem grandes atores no elenco - do aniversariante Timothée Chalamet até Ariana Grande, Jennifer Lawrence, Leonardo DiCaprio e Meryl Streep.
Só esse grupo de peso já era suficiente para justificar o alarde sobre o filme, mas a história também não deixa a desejar e faz juz aos profissionais que toparam trabalhar no longa. No enredo, Randall Mindy (Leonardo DiCaprio) e Kate Dibiasky (Jennifer Lawence) são dois cientistas que tentam alertar o mundo sobre a chegada de um meteoro que vai destruir a humanidade, mas encontram muita resistência de políticos e da mídia.
Parece familiar, né? E de fato, tem várias semelhanças entre o roteiro de "Não Olhe Para Cima" e o governo Bolsonaro - que poderá acabar em 2022, se o político não se reeleger. Confira!
Essa é a semelhança mais gritante: a prática negacionista da presidente Janie Orlean (Meryl Streep) e seus apoiadores. Mesmo com todas as provas científicas, cálculos e exames de um grupo de profissionais renomados, Orlean insiste em negar que o meteoro está chegando. Ela só muda de posicionamento quando percebe que isso pode trazer alguma vantagem para sua campanha política.
Peter Isherwell (Mark Rylance) é um retrato de todos os empresários que querem explorar recursos humanos e naturais com a desculpa de "ajudar o mundo". Entre os citados como possíveis inspirações para Isherwell temos Elon Musk e Mark Zuckerberg. Mas, é claro, no Brasil temos nosso próprio empresário negacionista.
Luciano Hang, conhecido como "veio da Havan", foi um dos apoiadores de Bolsonaro e uma das maiores vozes a favor do tratamento precoce - ainda sem comprovação. Sua moral e empatia não têm lugar quando o poder e o lucro estão em jogo, bem como o personagem.
Se tem alguém pior que a própria presidente dos Estados Unidos é seu filho, Jason Orlean (Jonah Hill), que é chefe do gabinete. Na prática, o rapaz faz pouca coisa, não sabe muito do que está rolando e conseguiu o cargo pelo bom e velho nepotismo. Vale lembrar que Bolsonaro tem três filhos na política, que parecem tão perdidos quanto ele na maior parte do tempo.
Uma das melhores cenas do filme acontece quando Kate Dibiasky perde a paciência com os jornalistas que não estão levando a sério a chegada do meteoro, que irá destruir toda a humanidade. O mesmo aconteceu com Natália Pasternak, microbióloga que assistiu a uma matéria sobre como lidar com pessoas desagradáveis que não usam máscara - como se fosse um mero incômodo. Dá para entender a raiva das duas!
Uma das aparições especiais do longa é de Chris Evans, que faz o diretor responsável pelo filme que irá tratar da chegada do meteoro. Nesse momento, a população está separada entre o movimento "não olhe para cima" - dos negacionistas - e "olhe para cima" - dos cientistas. O rapaz, então, diz que a sociedade está muito dividida e que ele apoia os dois lados... Só que um desses lados será responsável por dizimar a população humana por contrariar fatos científicos. Temos vários exemplos de figuras públicas brasileiras que seguem esse discurso.
Em algumas cenas, a presidente Orlean e seus apoiadores chamam o grupo de cientistas de "marxistas", como se o fato deles alertarem o mundo sobre algo que viram e examinaram fosse um posicionamento político de extrema esquerda. Bolsonaro e seus eleitores também são profissionais em chamar seus opositores de "comunistas" e "marxistas" sem nenhum embasamento.