Uma das problemáticas em torno das lutas sociais é a mudança de protagonismo quando o discurso cai nas mãos de pessoas privilegiadas na sociedade. Não é que um homem não possa ajudar no movimento feminista ou uma pessoa branca não deve falar sobre racismo. A questão é como isso é feito. Nesta quarta (1), Larissa Manoela deu um ótimo exemplo de como brancos podem ajudar na luta antirracista. E adivinhem como? Ouvindo. A estrela do SBT fez uma reflexão enorme sobre seus privilégios após um discurso de Babu, no "BBB20".
No dia seguinte à saída de Felipe Prior, Babu deu uma baita aula sobre o racismo Brasil. O ator explicou sobre as origens e o significado por trás da palavra "negro". Não só as meninas da casa escutaram e compreenderam a fala do brother, como repercutiu positivamente aqui fora. Nas redes sociais,Larissa Manoela usou exatamente esse vídeo para exemplificar a importância de ouvir o outro.
De quebra, se posicionou contra os comentários racistas de Rodrigo Branco sobre a Thelma, do "BBB", e a jornalista Maju Coutinho. Pra quem não sabe, Rodrigo é um famoso guia turístico entre as celebridades.
"Quem tem boca fala o que quer. Quem tem propriedade a gente escuta", iniciou a atriz. "Hoje em uma conversa com Babu Santana sobre racismo, Manu perguntou ao Babu como é a maneira certa de se referir às pessoas que tem a pele de cor preta! Deem play, BABU DEU AULA. Incrivelmente o tema RACISMO debatido desde antes de ontem nessa rede social chegou dentro do BBB sem eles ao menos saberem o que se passa aqui fora. Um programa que abrange boa parte da população brasileira tendo representantes fortes debatendo sobre esse tema é muito potente. BABU, THELMA, MAJU e NENHUMA pessoa preta merece passar por tamanho preconceito. NÃO DA PRA ACEITAR ofensa, diminuição, julgamento, demérito, injúria. NÃO COMPACTUO com nenhuma palavra dita através de uma live feita nessa rede. Esse episódio me deixou estarrecida, indignada e, ao mesmo tempo, enganada."
Na sequência, a amiga de Maisa, ainda escreveu sobre seus privilégios - de cor e de classe. "Esse tempo foi importante para eu processar, refletir sobre o tamanho da crueldade desses comentários que ele fez de uma pessoa e que se não bastasse, o exemplifica com comentários de outra pessoa e ainda faz questão de falar que não será 'crucificado' pelo que afirma. Não existe defesa para isso. Racismo é crime. É preciso assumir e se responsabilizar por essas atitudes. Suas falas invertem valores, inclusive os meus e distorcem a realidade em que vivemos. Brancos são privilegiados sim. Sempre foram. Você que está lendo pode não saber, eu não sei, e nenhum branco saberá o que é sofrer por causa da cor da sua pele. Tenho total noção do meu privilégio e, justamente por isso, não posso ficar calada. Ficar em silêncio seria compactuar com a dor e o sofrimento que esse tipo de fala e atitude provocam todos os dias. Racismo NÃO!", concluiu.
Leia o texto na íntegra e assista o vídeo.
A protagonista de "Modo Avião" pode não ter mencionado nomes, mas ficou clara a referência.
Percebam a diferença que é falar sobre algo que não te oprime e, ao mesmo tempo, se reconhecer nesta posição. Se você é branco(a), que tal ouvir mais o que o seu amigo(a) de pele preta tem a dizer? Reconhecer sua posição privilegiada na sociedade antes de qualquer coisa também é uma ótima maneira de pessoas brancas ajudarem na luta antirracista. Pois só assim é possível entender o que eles querem dizer com racismo estrutural, racismo velado e outras formas deste preconceito se manifestar. Passe a pesquisar mais e a julgar menos. A publicação abaixo pode te ajudar. :)