Essa autora aqui que vos fala é uma GRANDE - sim, tudo maiúsculo - fã da série de livros "Os Bridgertons", escrita por Julia Quinn e, por isso, quase morreu do coração quando soube que a história dessa família linda viraria uma série da Netflix. Quase um ano depois do anúncio, a produção - batizada com o nome de "Bridgerton" - está prestes a estrear no próximo dia 25 (sexta-feira) e o Purebreak teve o privilegiado acesso aos oito episódios que formam essa primeira temporada.
E, depois de absorver tudo que aconteceu e foi passado para as telinhas, nós trazemos aqui a nossa crítica dividida entre pontos fortes e fracos do seriado que, já pra adiantar, promete ser seu novo vício e te deixar ansiose para a próxima temporada - caso a continuação se confirme.
ELENCO
Pra quem leu os livros, como eu mesma, é impressionante o acerto na escolha do elenco! Praticamente todos os personagens estão exatamente iguais aos das páginas de Quinn. Não só a aparência, como a vibe, as falas e até mesmo os gestos mais imperceptíveis. Tá perfeito demais! Destaco aqui Phoebe Dynevor, como a protagonista Daphne Bridgerton, Jonathan Bailey, como Anthony Bridgerton, Ruth Gemmell, como a matriarca Violet Bridgerton, e Adjoa Andoh, como Lady Danbury.
REPRESENTATIVIDADE
Não tinha como não comentarmos a presença de mulheres em posições de poder, questionando o sistema opressor da época, como a Rainha Charlotte (Golda Rosheuval), Lady Danbury e Eloise Bridgerton (Claudia Jessie).
Pretos e pretas também ganharam um espaço muito importante e representativo na trama. Como isso não acontece nos livros, a explicação dada pelo produtor Chris Van Dusen foi a presença da Rainha Charlotte (Golda Rosheuval) - que existiu na vida real! - e, no universo de "Bridgerton", ela usa sua autoridade para elevar socialmente pessoas que não são brancas, dando a elas títulos de nobreza e propriedades. Foi assim que os antepassados do Duque de Hastings e a Lady Danbury, por exemplo, chegaram onde chegaram.
Também veremos a presença de personagens LGBTQIA+ e um discurso muito emocionante sobre como era difícil nutrir esses sentimentos que, na época, eram proibidos e condenados.
FIDELIDADE AOS ACONTECIMENTOS DOS LIVROS
Como já foi dito algumas vezes por aqui, a série conseguiu se permanecer bem fiel a tudo que acontece nos livros, desde todos os passos da relação entre Daphne e Simon (Rége-Jean Page), passando pelas cenas de sexo (bem hots, inclusive, crianças, essa série não é pra vocês!) até à investigação de Eloise sobre quem é a misteriosa Lady Whistledown (Julie Andrews). Destaco aqui o segundo encontro de Daphne e o Duque de Hastings numa situação, digamos, complicada para a garota envolvendo uma terceira pessoa.
AMBIENTAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO
Todo fã de produções de época sem dúvidas vai se deliciar com toda a atmosfera criada para a série. Os cavalos, as carruagens, a linguagem, os bailes e os figurinos são simplesmente perfeitos! Esses últimos possuem um toque de modernidade com suas cores vibrantes e modelagens diferenciadas, o que mostra que, mesmo sendo ambientada no século XIX, a Netflix conseguiu trazer o século XXI de uma forma bem sutil e divertida. Destaco aqui as roupas da família Featherington que, ao contrário dos sóbrios Bridgertons, são uma explosão de cores e combinações erradas.
SIMON E COLIN
Infelizmente, o intérprete do protagonista, Rége-Jean Page, não alcança o esperado na sua atuação como Simon. Em comparação com Phoebe Dynevor (Daphne) e Adjoa Andoh (Danbury), que são destaques positivos nas suas entregas, e com quem ele contracena praticamente o tempo todo, chega a ser gritante como o ator falha nas suas expressões e reações aos acontecimentos da história. Destaco aqui uma cena (in)tensa de conflito entre Simon e Daphne, na segunda metade da temporada, na qual Page não consegue demonstrar o mínimo de reação que seu personagem exprime no livro, o que atrapalha até o nosso envolvimento com a situação.
Quanto ao intérprete de Colin, Luke Newton, o ponto de atenção é para a personalidade sarcástica, divertida e refrescante do seu personagem nos livros, que ele não captou muito bem. Talvez por ser mais secundário do que principal nessa temporada suas características não tenham sido muito desenvolvidas, mas, se querem se aproximar do que Colin é nas páginas escritas por Julia Quinn, será necessário um pouco mais de empenho, tanto do ator, quanto do roteiro.
TRILHA SONORA
Nós entendemos que a produção quis levar um pouco dos tempos atuais para "Bridgerton", entretanto, utilizar músicas modernas - em versões clássicas - para os bailes e cenas da série, na opinião da autora aqui, atrapalhou um pouco a imersão na atmosfera Regencial, chegando a distrair do que estava acontecendo na cena em certos episódios. Os figurinos, diálogos sobre representatividade feminina e preta e cenas hot já alcançam esse objetivo perfeitamente bem, não tinha a necessidade desse artifício. Destaco aqui a presença de "bad guy", da Billie Eilish, que destoa completamente de qualquer tendência da época, mesmo em sua versão clássica.
Apesar de - poucos - erros de percurso, "Bridgerton" traz o que se propôs: romance, sensualidade, fofocas, representatividade e personagens que vão conquistar seu coração, fazer você torcer por eles e querer ver o que acontecerá com cada um daqui pra frente. Aqui no Purebreak estamos torcendo pela segunda temporada da trama produzida pela Shondaland e a história de Anthony. Enquanto isso não se confirma, fique com o trailer e se prepare para maratonar muito e viajar no tempo com a série, que estreia na Netflix dia 25 de dezembro: