Esta sufocante série distópica da Netflix apresenta uma pandemia original e uma interessante reflexão sobre o isolamento
Publicado em 5 de outubro de 2023 às 17:50
Por Maria Luisa Pimenta
Uma série turca da Netflix está chamando atenção do mundo inteiro. Ela aborda uma pandemia, mas de um jeito muito diferente de tudo que já vimos em filmes e séries.
"Cabeça Quente" é série distópica da Netflix "Cabeça Quente" é série distópica da Netflix© Divulgação, Netflix
Série "Cabeça Quente" é elogiada pela crítica
"Cabeça Quente" traz uma versão diferente de distopia
"Cabeça Quente" aborda uma pandemia de um jeito bem diferente
"Cabeça Quente" é série turca da Netflix
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A Netflix continua lançando ininterruptamente séries e filmes que não vêm dos habituais Estados Unidos e dos típicos países da Europa Ocidental: como falamos há alguns dias, desde séries com elencos internacionais como "1899" até a exploração de filmografias coreanas, indianas e muitas outras. E turco, é claro: é de lá que vem essa ótima "Brain Fever" ("Cabeça Quente"), uma série de ficção científica que não tem nada a ver com as típicas novelas que vêm da região e que você já pode assistir na plataforma.

"Cabeça Quente": conheça a série

Ao longo de oito episódios repletos de material (quase nenhum com menos de 60 minutos de duração), essa série nos coloca na pele de um ex-linguista que vive em um mundo futuro absolutamente devastado por uma praga muito estranha que se espalha por meio da linguagem. Após um treinamento rigoroso, ele se tornou imune à praga e, por isso, é caçado por uma instituição antiepidêmica, que o força a percorrer as perigosas ruas de uma Istambul praticamente destruída.

Por que a série é tão diferente das outras?

Baseada em um romance de gênero do também autor turco Afsin Kum, a série se distancia alegremente das ficções dos infectados, ou como eles são chamados, "delirantes". Por exemplo, o retrato de uma Istambul dividida em zonas de acordo com as fronteiras monitoradas pelo exército tem muito de comentário social, como o protagonista descobre quando entra em contato com ativistas que confrontam os militares e o uso dos doentes para subjugar a população.

Referências à Primavera Árabe, aos protestos dos cidadãos que impediram a tentativa de golpe de 2016 na Turquia ou até mesmo às recentes manifestações no Irã fornecem um contexto muito moderno para essa ficção. Mas a ideia muito inteligente da praga que se move através da linguagem, pervertendo-a, também dá um tom atemporal à sua crítica contra o ódio ao que é diferente. Uma dura surpresa que merece estar entre as melhores das ofertas mais recentes da Netflix.

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