Uma nova onda de protestos feministas tem atingido o Irã, atraindo atenção de todo o mundo. Meninas e mulheres iranianas se reúnem, desde o final de setembro, para questionar as ordens e leis machistas e autoritárias do governo, principalmente o uso mandatório de hijab.
As ações tiveram como estopim o assassinato de Mahsa Amini, de 22 anos, em 16 de setembro e tem movimentado grandes respostas da oposição. Segundo relatório da Iran Human Rights, cerca de 185 pessoas já morreram em confrontos nos protestos pelo país.
Além disso, muitas mulheres têm cortado o cabelo como sinal de reprovação ao conservadorismo do Irã e o ato foi copiado por pessoas mundo a fora, como explica a cientista política Dorna Javan, ouvida pela ABC. "As mulheres cortarem o cabelo no Irã é uma forma de protesto, é um símbolo contrário ao uso obrigatório do hijab", afirma.
Veja exemplos de famosas que estão apoiando a luta das iranianas e entenda o que está rolando no país!
Na última quarta-feira (12), um grupo de atrizes e autoras brasileiras, que participaram da novela "Órfãs da Terra", mostraram solidariedade à luta das mulheres do Irã, com vídeos cortando parte do cabelo. "Nossas mechas simbolizam nossa admiração e respeito por todos que lutam pela liberdade da vida e dos corpos", é dito em parte do post. Na ação promovida pelas brasileiras, vemos nomes como Yasmin Garcez, Eliane Giardini, Paula Burlamaqui, Betty Gofman, Carol Castro e mais!
Mas não foram só as brasileiras que se juntaram na luta internacional pelas mulheres do Irã. Celebridades franceses, britânicas, estadunidenses e de muitos outros países gravam seus próprios vídeos cortando partes do cabelo.
A cantora Dua Lipa fez também post para divulgar o que está acontecendo no Irã para os seus mais de 87 milhões de seguidores no Instagram. "Todas nós podemos usar nossa plataforma e, juntas, fazer um barulho da po**a. Eu apoio as mulheres do Irã", afirmou a cantora que se apresentou no Rock in Rio 2022.
Ainda em conversa com a ABC, Dorna Javan explica a tendência e fala da importância do movimento - mesmo que não seja suficiente por si só. "Não podemos reduzir a luta das mulheres iranianas pelos seus direitos - que é datada desde a segunda metade do século XIX - ao gesto de cortar os cabelos [...] Mas esses vídeos se tornarem virais é uma forma de oferecer uma repercussão internacional para os protestos", conclui.
Mas afinal, o que está acontecendo no Irã? Como dito, apesar da luta feminista iraniana ser uma realidade há anos, a nova onda de protestos começou com a morte de Mahsa Amini. A jovem foi presa, em 16 de setembro, por "uso indevido" do hijab, que não estava apertado o bastante, deixando alguns fios de cabelo escaparem.
Depois, Mahsa foi direcionada ao hospital. Segundo os policiais, ela teria apenas desmaiado e entrado em coma, sem motivo aparente. Entretanto, testemunhas - incluindo mulheres que também tinham sido detidas - afirmam que ela foi vítima de agressão policial, que teria causado dano cerebral grave. Como resultado, Mahsa morreu após chegar ao hospital, apesar da polícia iraniana ainda negar a narrativa de violência.
Segundo a revista TIME, os protestos das mulheres já chegaram a mais de 80 cidades do Irã e especialistas apontam que não irão acabar tão cedo. As ativistas têm sido recebidas com bastante violência e mais jovens já morreram na mão da polícia desde Mahsa, incluindo Hadis Najafi, de 22, Nika Shakarami e Sarina Esmailzadeh, ambas de 16 anos.