Feminicídio: 6 casos que pararam o Brasil
Publicado em 25 de agosto de 2023 às 10:09
Por Larissa Barros
O feminicídio é um problema que afeta o Brasil de forma que não deveria. Todos os dias vemos nos noticiários novos crimes do tipo acontecendo e devemos relembrar os mais marcantes, para tentar fazer com que mais pessoas vejam que não é certo e mais mulheres se encoragem para denunciar.
Feminicídio: 6 casos que pararam o Brasil Feminicídio: 6 casos que pararam o Brasil© Getty Images
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O assassinato de mulheres por serem mulheres é denominado: feminicídio. Conforme a lei 13.104 de 2015, o feminicídio ocorre em contexto de violência doméstica, familiar ou por "desdém ou discriminação feminina".

Informações da Rede de Observatório e Segurança mostram que, em 2020, 449 mulheres foram mortas vítimas de feminicídio em cinco estados brasileiros. São Paulo lidera, depois vêm Rio de Janeiro e Bahia.

No contexto de feminicídio, brutalidade e indiferença pela vida feminina são notáveis. Antes da Lei Maria da Penha, inúmeras foram assassinadas pelo machismo enraizado na sociedade.

Caso Ângela Diniz (1976)

O caso da artista Ângela Diniz reapareceu pelo podcast "Praia dos Ossos" da Rádio Novelo. Revela como Doca Street, seu assassino, tornou-se a "vítima" social.

Ele, um playboy, matou Ângela com quatro tiros em Búzios em 30 de dezembro de 1976 durante uma discussão. Eles tinham um relacionamento de três meses, e Ângela queria terminar devido ao ciúme de Doca.

Inicialmente, Doca foi condenado a dois anos, mas depois a 15 após recurso.

Caso Eliza Samúdio (2010)

Eliza Samúdio e Bruno Fernandes, conhecido como goleiro Bruno, se encontraram em uma festa. Ela, ex-garota de programa, parou de trabalhar após se envolver com o casado Bruno.

Eliza anunciou sua gravidez, que foi mal recebida por Bruno. Ela acusou dois amigos de Bruno de sequestrá-la e forçá-la a tomar abortivos. Bruno negou ameaças.

Em 2010, após visitar Bruno, Eliza desapareceu. Seu filho foi encontrado mais tarde. Eliza teria sido morta e esquartejada por ordem de Bruno.

Caso Eloá (2008)

Eloá Cristina Pimentel, com apenas 15 anos, teve sua vida tragicamente interrompida em um ato de feminicídio pelo seu ex-namorado, Lindemberg Fernandes Alves, de 22 anos. O episódio ocorreu em Santo André, no estado de São Paulo, e atraiu atenção massiva da mídia.

No momento do incidente, Eloá estava em seu apartamento com três colegas - Nayara Rodrigues, Iago Vieira e Victor Campos - trabalhando em um projeto escolar. De forma abrupta, Lindemberg adentrou a residência e ameaçou todos os presentes. Após libertar Iago e Victor, ele manteve Eloá e Nayara como reféns. Nayara chegou a ser libertada, mas, num ato corajoso, voltou à cena tentando auxiliar na resolução do impasse.

O terrível sequestro prolongou-se por quase 100 horas, culminando em 17 de outubro com uma intervenção policial. Ao detectar a ação dos policiais, Lindemberg disparou contra Eloá, que foi alvejada e não resistiu. Nayara também foi ferida, mas, por sorte, sobreviveu ao incidente.

A maneira como a mídia cobriu o evento gerou controvérsias. Especialmente criticada foi uma entrevista ao vivo no programa "A Tarde É Sua", sob a direção de Sônia Abrão, que interferiu diretamente nas negociações ao dialogar com os envolvidos no sequestro.

Em 2012, Lindemberg enfrentou a justiça e recebeu uma sentença de 98 anos e dez meses de reclusão.

Caso Daniella Perez (1992)

A jovem atriz Daniella Perez tornou-se tragicamente vítima de um ato violento e hediondo. Aos 22 anos, seu destino foi brutalmente interrompido pelas mãos de Guilherme de Pádua e Paula Thomaz.

Na novela "De Corpo e Alma", escrita por Glória Perez, mãe de Daniella, ela e Guilherme compartilhavam o papel de um casal. Este contexto levou Guilherme a tentar se aproveitar da situação, assediando Daniella na esperança de ganhar favoritismo na emissora, dada a influência de sua mãe como escritora da trama.

Daniella, que era casada com o ator Raúl Gazolla, resistia às aproximações indevidas de Guilherme. Tudo se intensificou quando ele percebeu que estava ausente de dois episódios da trama, interpretando isso como uma manobra de Daniella junto à sua mãe. Temendo perder sua posição na novela "De Corpo e Alma", ele, com a cumplicidade de sua esposa, planejou um ataque.

No final de um dia de gravação, o casal armou uma cilada para Daniella, levando-a a um local isolado e desferindo-lhe 18 facadas.

De forma inacreditável, Guilherme e Paula tentaram oferecer apoio a Raúl e Glória na delegacia, antes que fossem finalmente desmascarados e detidos em 31 de dezembro. Demorou cinco anos para que o julgamento ocorresse, e ambos foram sentenciados a 15 anos de reclusão. No entanto, ganharam a liberdade em 1999, após cumprir quase metade da pena.

Caso Maníaco do Parque (1998)

O "Maníaco do Parque", Francisco de Assis Pereira, foi responsável pela morte de 11 mulheres e teve um total de 23 vítimas antes de ser capturado. Ele agia principalmente na região sul de São Paulo, no Parque do Estado, onde estuprava e assassinava suas vítimas.

Em 1998, esses hediondos crimes vieram à tona. Com seu poder de persuasão, Francisco iludia mulheres ao se passar por um "caça-talentos", levando-as ao local dos crimes. Após a divulgação de seu retrato falado, uma mulher que já havia sido abordada por ele o reconheceu. Ela alertou as autoridades e, após uma intensa busca, Francisco foi localizado na divisa com a Argentina, em Itaqui (RS).

Caso Mônica Granuzzo (1985)

Em 1985, no contexto da crescente liberação sexual no Brasil, a nação e a cidade do Rio de Janeiro ficaram em choque com o caso de Mônica Granuzzo. A adolescente de 14 anos encontrou Ricardo Sampaio, um modelo de 21 anos, na boate "Mamão com Açúcar", no Rio. Vizinhos por residirem próximos, combinaram de jantar no dia seguinte. Contudo, Ricardo afirmou ter esquecido um casaco e persuadiu Mônica a ir até seu apartamento. Ele chegou a dizer que vivia com seus pais para acalmá-la, o que era falso.

Lá, Ricardo tentou forçar-se sobre a jovem. Ao resistir, Mônica foi atacada. Na tentativa de escapar, pulou para a sacada do apartamento adjacente, perdeu o equilíbrio e caiu do sétimo andar, na Fonte da Saudade, localizada entre os bairros da Lagoa e do Humaitá.

Após o incidente, Ricardo contou com a ajuda de dois amigos, Renato Orlando Costa e Alfredo Erasmo Patti do Amaral, para ocultar o cadáver de Mônica. O corpo foi descoberto no dia seguinte. Ricardo recebeu uma sentença de 20 anos, enquanto Alfredo e Renato foram condenados a um ano e cinco meses por ocultação de cadáver. Por serem réus primários, cumpriram a pena em liberdade. Atualmente, Ricardo vive no Rio de Janeiro em liberdade condicional. Alfredo faleceu em maio de 1992 ao sofrer uma parada cardíaca com 26 anos.

Testemunhas disseram que Mônica não havia sido a primeira vítima de Ricardo, que costumava agredir e abusar de meninas que levava ao seu apartamento

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