Capacitismo no Lollapalooza: público PCD expõe falta de acessibilidade em festival
Publicado em 28 de março de 2022 às 19:21
Por João Maturana
O público do Lollapalooza Brasil 2022 estava muito ansioso para curtir o festival depois de quase três anos sem que o evento pudesse ser realizado com segurança. Mas o que para muitos foi a realização de um sonho, para boa parte das pessoas com deficiência que esteve no Lolla foi motivo para traumas. Influenciadores PCD denunciaram a falta de acessibilidade do evento e mostraram o capacitismo que sofreram. Entenda a história!
Capacitismo no Lollapalooza: público PCD expõe falta de acessibilidade em festival
Lollapalooza Brasil 2022: Pequena Lô, Lorena Eltz e Giovanna Massera criticam falta de acessibilidade no evento
Lollapalooza Brasil 2022: influenciadores PCD criticam falta de acessibilidade no evento e levantam polêmica sobre capacitismo
Pequena Lô teve que ser carregada no colo por um estranho para chegar em um palco do Lollapalooza Brasil 2022
Lorena Eltz não encontrou banheiros com prioridade para pessoas com deficiência e sofreu incidente com bolsa de colostomia no Lollapalooza Brasil 2022
Influenciadora PCD Lorena Eltz ficou traumatizada com situação que passou no Lollapalooza Brasil e não conseguiu ir em mais nenhum dia de festival
Giovanna Massera critica Lollapalooza Brasil e diz que festival só pregou inclusão por propaganda
Giovanna Massera enfrenteou grandes dificuldades de locomoção no Lollapalooza 2022
Lollapalooza Brasil 2022 prometeu acessibilidade mas causou polêmica envolvendo capacitismo
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O Lollapalooza Brasil 2022 aconteceu entre os dias 25 e 27 de março em São Paulo. O público do evento planejava curtir o festival a meses e se preparou bem para não perder nada. Mesmo assim, as pessoas com deficiência que tentaram curtir o evento, como qualquer um, enfrentaram grandes dificuldades lá. Ao contrário do que foi dito pela produção do Lolla, a acessibilidade prometida não passou de post no Instagram, já que muitos tiveram que lidar com capacitismo e negligência por parte da equipe do evento. Pequena Lô, Lorena Eltz e Giovanna Massera foram algumas das que sofreram para assistir aos shows.

Pequena Lô reclama de falta de acessibilidade no Lollapalooza

A Pequena Lô usou suas redes sociais para falar sobre as dificuldades que enfrentou para curtir o Lollapalooza Brasil 2022. A humorista contou que teve problemas para se locomover com seu triciclo motorizado no Autódromo de Interlagos, onde acontece o evento.

"É minha primeira vez no Lolla. Estou gostando muito da experiência. Só teve um probleminha que passei ontem por aqui por conta da falta de acessibilidade. Mas não é só pro Lolla esse recado. Que sirva para todos os eventos, sejam grandes ou pequenos: a inclusão tem que estar presente sempre", compartilhou.

Ela explicou que, no sábado (26), precisou ser carregada no colo por um desconhecido para conseguir subir ao palco eletrônico, já que o festival não disponibilizou rampa alguma para que os cadeirantes pudessem acessar o local e o elevador não estava funcionando.

Lorena Eltz passou por humilhação por ser PCD no Lollapalooza

Outra celebridade que enfrentou uma situação dramática no evento foi a influenciadora Lorena Eltz. A jovem, que precisa carregar uma bolsa de colostomia, não conseguiu encontrar um banheiro prioritário para pessoas com deficiência. Então, na busca por algum lugar para realizar suas necessidades, ela tentou subir uma ladeira íngreme e, no percurso, a bolsa desenrolou e vazou, fazendo com que fezes sujassem sua calça e seu tênis, como relata em vídeo postado nas suas redes sociais.

"Fui sabendo que era um festival de música em um lugar gigante, mas não imaginei que não encontraria banheiro, água ou filas com prioridade pra pessoa com deficiência. Minha bolsa vazou, voltei chorando e acabei não conseguindo ir em mais nenhum dia com medo do que poderia acontecer. Espero ainda poder vir aqui e falar pra vocês que a acessibilidade dos locais são maravilhosas, porém, ainda não é isso que vemos.", relatou na legenda do post.

Giovanna Massera sofre capacitismo no Lollapalooza Brasil 2022

E não para por aí! Mais uma influenciadora que passou perrengue por conta da negligência dos organizadores do Lollapalooza Brasil 2022 com pessoas com deficiência foi a Giovanna Massera. Ela, que assim como sua irmã, tem lúpus, e precisa usar uma bengala para se locomover, mal conseguiu percorrer o festival com a cadeira disponibilizada pelo evento.

"Por conta do descaso dos organizadores e alguns bombeiros, quando a cadeira atolava na lama, não havia bombeiros por perto para ajudar, então minha irmã tinha que empurrar da lama sozinha. As vezes aparecia pessoas ao redor que se disponibilizavam a ajudar. E detalhe: a cadeira estava com problema na bateria (que quase queimou minha coxa) e na ré", contou.

Em outro post, criticou: "Primeira vez no Lollapalooza Brasil, eu estava tão feliz por ter ganhado essa oportunidade e o dia terminou em choro, tristeza, dor e revolta. Eu e muitos pcd's saímos humilhados no evento que pregou inclusão só pela propaganda, mas não deu todo suporte necessário para curtirmos o festival de forma digna. Minha decepção com a organização e irresponsabilidade do Lolla é sem tamanho".

Lollapalooza prometeu evento acessível mas não cumpriu

Tudo isso só mostra que mesmo grandes festivais de música também precisam se esforçar mais para garantir um ambiente seguro e acessível para todas as pessoas. Vale lembrar que o Lolla havia prometido disponibilizar equipamento motorizado para locomoção no Autódromo; plataformas elevadas nos quatro palcos para assistir aos shows; carrinho de golfe para realizar o transporte de um dos portões até o festival; entre outras coisas.

Só que não adianta nada prometer acessibilidade e na hora entregar um evento que proporciona situações dramáticas para muitos indivíduos com deficiência, podendo até traumatizá-las. Estamos em 2022 e ainda é necessário reforçar o óbvio, mas para a luta contra o capacitismo avançar e tornamos nosso mundo um lugar mais acessível, é preciso muito mais do que o que está sendo feito atualmente.

Esses relatos compartilhados são de vozes que têm destaque na mídia, mas e aquelas que não são ouvidas? Tomara que a mudança venha, porque estamos cansados de passos lentos vindos de instituições que têm tudo para promover mudanças efetivas.

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