A Marvel e a DC são constantemente criticadas quando colocam algum ator negro para dar vida a um herói tradicionalmente branco nas HQs. É o caso, por exemplo, de quando foi noticiado que uma série sobre o Super-Homem negro estaria sendo desenvolvida, ou até mesmo quando escalaram Michael B. Jordan como o Tocha Humana no reboot de "Quarteto Fantástico". Mas as mesmas críticas não costumam sair da boca dessas pessoas quando as empresas promovem whitewashing, isto é, a prática de apagar a diversidade étnica de personagens ao colocar atores brancos para interpretá-los.
Esse gesto não só é problemático por reforçar a presença quase absoluta de rostos brancos nos filmes e nas séries, como também acaba apagando boa parte da história de vida dos seus heróis e vilões, que muitas vezes têm relação direta com suas etnias. Por isso, relembre 7 vezes que a Marvel e a DC promoveram whitewashing.
Um dos casos mais famosos da Marvel diz respeito à escolha de Tilda Swinton no papel da Anciã, que aparece pela primeira vez em "Doutor Estranho". Nos quadrinhos, o herói é um homem asiático, enquanto nos cinemas é vivido por uma mulher branca ocidental. Em uma entrevista para a Men's Health, o presidente da Marvel Studios, Kevin Feige, assumiu o erro: "Achávamos que estávamos sendo tão espertos, tão ousados. Não faríamos o clichê do velho sábio homem asiático. Mas foi um alerta pensar 'bom, espera um minuto, tem outro jeito de fazer isso? Existe um jeito de não cair no clichê e escalar um ator asiático?' E a resposta, claro, é sim".
Wanda Maximoff também foi alvo de whitewashing. Interpretada por Elizabeth Olsen nos filmes e séries da Marvel Studios, nas HQs a personagem é de origem Romani, popularmente conhecidos como "ciganos" - termo que é considerado ofensivo por muitos. A atriz, inclusive, foi criticada por usar o termo "gypsy", traduzido no português para "cigano", mesmo depois de ter sido alertada sobre ele ser ofensivo para o povo Romani.
Pietro Maximoff foi interpretado por dois atores diferentes nas telas dos cinemas. Um deles no universo da Marvel Studios, irmão da Feiticeira Escarlate, e outro nos "X-Men", da Fox. Ambas as vezes por atores brancos: Aaron Johnson e Evan Peters, respectivamente, e não por alguém com descendência Romani.
Mancha Solar é o primeiro super-herói brasileiro da Marvel. Nos quadrinhos, os poderes do mutantes são despertados após ele ser alvo de racismo em uma partida de futebol. Mas nas vezes que foi adaptado para os filmes da Fox, o personagem foi interpretado pelo mexicano Adan Canto, em "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido", e pelo ator brasileiro branco Henry Zaga em "Novos Mutantes". Isso fez com que em ambas as vezes sua história e identidade fossem apagadas.
Nas histórias em quadrinhos da DC Comics, Selina Kyle, a Mulher-Gato, é negra e filha de uma mulher cubana. Só que ela já foi interpretada por Anne Hathaway no filme "Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge", por Camren Bicondova na série "Gotham", Michelle Pfeiffer em "Batman: O Retorno", entre outras mulheres brancas, sendo poucas vezes vivida por mulheres negras. Mas na próxima adaptação do Homem-Morcego, "The Batman", ela será vivida por Zoë Kravitz, que deve ganhar um maior destaque nas próximas produções da DC.
Não são muitas pessoas que sabem disso, mas o super vilão Bane, nas HQs, é latino. Mesmo assim, quando foi adaptado para os cinemas, os atores que deram vida ao personagem foram Tom Hardy, em "Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge", e Robert Swenson em "Batman e Robin". Na série "Gotham", foi interpretado por Shane West. Nenhum desses é latino.
Pouco se sabe sobre a verdadeira origem de Ra's al Ghul. O vilão nasceu em um grupo de nômades entre o nordeste da África e o Oriente Médio. De qualquer forma, ele definitivamente não é um homem branco, como foi caracterizado nos filmes do Batman de Christopher Nolan, interpretado por Liam Neeson, ou na série "Arrow", vivido por Matt Nable. Na verdade, a única vez em que Ra's al Ghul escapou do whitewashing foi em "Gotham", em que Alexander Siddig deu vida ao personagem.