A cantora Any Gabrielly, conhecida por integrar o grupo musical Now United, foi criticada ao usar a cultura do povo Romani - popularmente conhecido como ciganos - como fantasia em uma festa de Halloween que compareceu recentemente. Depois de ser explicada sobre a problemática do visual, a estrela entendeu a questão e pediu desculpas pelo ocorrido.
No texto em que publicou, Any defendeu que, na verdade, a fantasia era para ser de pirata. Mas, como muitos que a viram questionaram se ela não estava de cigana, a artista decidiu largou a espada de brinquedo que carregava consigo e adotou que estava mesmo vestida como uma cigana.
Ainda na carta aberta, a brasileira admitiu: "Tenho uma plataforma enorme e jamais quero trazer nada negativo pra qualquer grupo de pessoas. Esse foi o Halloween que eu mais me policiei em relação as fantasias e tomei tanto cuidado pra não ofender/sexualizar qualquer religião, nacionalidade, profissão, etnia ou qualquer grupo possível e essa fantasia foi um MEGA erro".
"Espero que possam entender e que saibam que eu nunca quis deliberadamente ofender ninguém. Mais uma vez me desculpe, isso nunca nunca nunca voltará a acontecer!", prometeu a integrante do Now United.
Any Gabrielly reconheceu seu erro e o problema de se vestir como alguém da etnia do povo Romani após uma thread postada pela usuária @meljanovich no Twitter. Ao longo das postagens, a jovem explica o porquê da "fantasia" ser racista, justificando que estaria reforçando estereótipos sobre os romanis. Nas sequências, a internauta ainda reforça que aquilo não era uma ataque a cantora, mas que ela não conseguia não se sentir ofendida ou não ficar com raiva da situação.
Em outros posts, a autora das críticas ainda é muito didática e enfatiza o grande problema em torno de usar alguma etnia como fantasia. "Pessoas de minorias étnicas não fazem parte ou deixam de fazer parte de tal minoria simplesmente pela roupa, e resumir uma minoria étnica a uma roupa é extremamente desrespeitoso e apaga as vivências dessas pessoas."
Ela ainda ressalta os problemas que sofre por ser romani, e que pessoas não-ciganas não passam por isso. E, mesmo assim, usam de sua cultura como objeto de entretenimento em ocasiões festivais.
"Falando de ciganos especificamente, por exemplo, quando a gente usa nossas roupas somos ainda mais descriminados", explica. "Nossa cultura é sempre vista como inferior, as roupas ridicularizadas, somos impedidos de entrar em estabelecimentos e somos negados de empregos por puro racismo, e claro que isso é potencializado se a pessoa bate o olho e nos vê como ciganos (o que acontece mais fácil se estamos usando roupas tradicionais). Nada disso acontece com gadje (não-ciganos) se vestindo de cigano, obviamente."
A usuária do Twitter ainda aprofunda a questão voltada à vestimenta romani, que ao mesmo tempo em que não é resumida a estereótipos, também tem muitos elementos culturais importantes para tal povo. "A cultura romani não é uniforme, não existe apenas um estilo de roupa tradicional, isso vai depender muito da etnia cigana, mas obviamente quando gadje se fantasiam de ciganos, eles não sabem disso, e só vão nos colocar todos em uma mesma caixa."
O perfil completa: "Se vestem de uma imagem de cigano criada na mídia, uma imagem que nos desumaniza, fetichiza, ou que muitas vezes nos coloca como seres irreais, que só existem na imaginação, ou que são ladrões por natureza, que querem enganar todo mundo e por aí vai".