Monark e a liberdade de ser preconceituoso: por que racismo e nazismo não é opinião
Publicado em 8 de fevereiro de 2022 às 18:13
Por Luísa Silveira de Araújo | Redatora
Jornalista e entusiasta do pop, posso escrever o dia todo sobre Taylor Swift ou BLACKPINK, enquanto maratono minhas séries preferidas.
Monark, do podcast "Flow", se envolveu em mais uma polêmica grave na última segunda (7). Depois de relativizar atos racistas como "divergências de opinião", o podcaster defendeu a legalização do partido nazista no Brasil. Após perder mais patrocinadores, Monark afirmou estar "bêbado" quando opinou sobre o nazismo, mas mesmo assim foi expulso do programa. Entenda a história!
Monark e a liberdade de ser preconceituoso: por que racismo e nazismo não é opinião
 Monark, do "Flow Podcast", e nazismo: por que a liberdade de expressão tem limite
Monark e a liberdade de ser preconceituoso: por que racismo e nazismo não é opinião
Monark, do "Flow Podcast", defendeu a legalização do partido nazista em episódio da última segunda-feira (7)
Monark, do "Flow Podcast", foi retirado do programa após fala polêmica sobre nazismo
Monark entrevistava vários convidados para o "Flow Podcast"
Não é a primeira vez que Monark, do "Flow Podcast", expõe opinião racista para defender a "liberdade de expressão"
"Flow Podcast" era apresentado por Monark e Igor Coelho
"Flow Podcast" é um dos podcasts mais populares do Brasil
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Monark, influencer e apresentador do podcast "Flow", conseguiu perder ainda mais o apoio de patrocinadores e ouvintes. Durante o programa da última segunda-feira (7), com a participação de Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB), Monark defendeu a existência legalizada de um partido nazista no Brasil. O jovem explica seu raciocínio não como uma forma de defender o nazi-facismo, que, segundo ele, é condenável, mas para garantir a "liberdade de expressão".

"Minha ideia é que o cara deve falar que ele é um idiota para que a gente possa saber que ele é um idiota", afirmou Monark. Mas não é exatamente assim que as coisas funcionam, né? Após declaração polêmica, o podcast perdeu mais patrocinadores e desligou oficialmente o apresentador do programa. Confira!

Monark é retirado do podcast "Flow" e episódio é deletado

Após a crescente confusão, o "Flow" fez pronunciamento oficial nesta terça-feira (8) informando a retirada de Monark do programa, que é apresentado também por Igor Coelho. "Reforçamos nosso comprometimento com a democracia e os Direitos Humanos, portanto o episódio 545 foi retirado do ar. Comunicamos também a decisão que partir desse momento, o youtuber Bruno Aiub (@Monark) está desligado dos Estúdios Flow", escreveu a equipe em comentário.

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Antes do anúncio da saída de Monark, entidades judaicas se pronunciaram, assim como empresas que patrocinavam o podcast. A Confederação Israelita no Brasil publicou comunicado, explicando a repúdia à fala do influencer: "O discurso de ódio e a defesa do discurso de ódio trazem consequências terríveis para a humanidade". Já a empresa Insider fez nota de repúdio e anunciou que não patrocinaria mais o programa: "Mensagens de ódio não devem ser disseminadas para a população sob nenhum pretexto", escreveram em nota à imprensa.

Monark afirmou estar "bêbado" quando defendeu partido nazista

Percebendo o prejuízo que poderia ter com a fala criminosa, Monark postou vídeo em seu Twitter, se desculpando pelo comentário e disse que estava "muito bêbado" na conversa. O youtuber explicou ainda que estava defendendo uma ideia para garantir a liberdade de expressão de todos e frisou novamente que não compactua com os ideais do nazismo.

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"Fui defender essa ideia de uma forma muito burra, eu tava bêbado, eu fui muito insensível com a comunidade judaica e peço perdão pela minha insensibilidade. Mas peço também um pouco de compreensão, são quatro horas de conversa e eu estava bêbado", afirmou.

Fica a dica óbvia: não beba enquanto trabalha - principalmente se você defende ideias criminosas.

Monark já tinha defendido "direito de ser racista"

Monark já tinha falado algo bem semelhante, com foco nas pessoas negras do Brasil. Para o apresentador, todos devem ter liberdade, inclusive para serem racistas, e em outubro de 2021, Monark perguntou aos seus seguidores no Twitter se "ter uma opinião racista era crime". Resposta, caso você não saiba: sim, é exatamente isso. O influencer ainda completou, após ser criticado: "Querem criminalizar o pensamento. Muito perigoso isso".

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A partir do momento em que sua "opinião" e "pensamento" fere a existência de outra pessoa, criminalizá-lo não deveria ser um problema! Isso não tem nada a ver com censura de obras artísticas ou uma sociedade ditatorial, em que só uma opinião pode ser exposta. É sobre garantir a liberdade e uma vida digna para todos, nos limites de sua individualidade. Afinal, pedir para alguém não ser racista e nazista é demais?

Na época da primeira polêmica, o iFood anunciou que cortaria laços comerciais com o podcast "Flow": "A liberdade de expressão jamais deverá ultrapassar os limites da lei", afirmou a empresa.

Inclusive, onde estavam essas instituições que acabaram de romper com o Flow na época em que Monark estava sendo abertamente racista nas redes sociais? Fica o questionamento.

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Polêmica Diversidade Mundo Podcast