A SpaceX está se preparando para o segundo voo de teste da Starship, mas o sistema de lançamento será diferente daquele que vimos explodir sobre o Golfo do México em abril deste ano. A proposta da empresa aeroespacial de levar cargas úteis e pessoas à órbita da Terra, à Lua e a Marte receberá alterações no mecanismo de separação de estágios, no sistema de propulsão e na plataforma de lançamento.
As novidades foram reveladas pelo próprio Elon Musk em uma transmissão ao vivo do Twitter Spaces com Ashlee Vance. "Há realmente muitas mudanças entre o último voo da Starship e este, mais de 1.000 (...), então acho que a probabilidade de o próximo voo funcionar, chegando à órbita, é muito maior do que da última vez", disse o fundador da SpaceX.
O sistema de lançamento da Starship consiste em dois estágios. Por um lado, temos o primeiro estágio, que é o foguete Super Heavy, cuja missão é impulsionar o veículo no lançamento. Por outro lado, temos o segundo estágio, que é a espaçonave Starship, que continua seu caminho sozinha, acendendo seis motores após a fase de desacoplamento do Super Heavy. Este último foi o que falhou no último teste.
A fase de desacoplamento não aconteceu (embora a SpaceX tenha começado a bater palmas), de modo que o sistema integrado da Starship acabou girando sobre si mesmo até que o mecanismo de autodestruição fosse ativado. A SpaceX agora está trabalhando em um mecanismo diferente para separar o foguete do estágio superior, um mecanismo que remonta aos primórdios da exploração espacial e tem sido amplamente utilizado pelos foguetes soviéticos e russos.
"Fizemos uma espécie de mudança de última hora que é muito importante para o funcionamento da separação de estágios, que é usar o que chamamos de estágio quente, em que ligamos os motores do estágio superior, ou nave, enquanto os motores do primeiro estágio, ou estágio de reforço, ainda estão ligados", explicou Musk.
Esse conceito alternativo de desacoplamento evita que a aceleração da Starship caia para zero e, consequentemente, uma série de problemas. No entanto, a ideia de disparar os motores do estágio superior quando o processo de separação ainda não estiver concluído exige uma alteração no projeto que envolve um novo anel com persianas ou orifícios para que os gases de combustão escapem.
Com esse conceito comprovado na mesa, a SpaceX modificará o sistema de lançamento da Starship para que, quando chegar a hora, uma grande parte dos motores do Super Heavy seja acoplada e os motores do estágio superior entrem em ignição simultaneamente. "Acho que essa é a coisa mais arriscada para o próximo teste", reconhece o empresário, mas não é a única mudança que veremos.
Embora Musk afirme que mais de 1.000 mudanças serão implementadas na próxima tentativa, a maioria delas não foi divulgada publicamente. A plataforma de lançamento, que foi destruída em abril, passará por uma grande transformação. A empresa colocará duas novas placas de aço em cima de uma camada de concreto para reforçar a estrutura sob a Starship.
O bilionário prefere descrever o sistema como "um pulverizador de chuveiro gigante de cabeça para baixo". De fato, é um método que consiste em borrifar água no foguete enquanto ele está na plataforma para neutralizar os efeitos destrutivos dos motores em funcionamento no momento do lançamento. Por enquanto, ainda não se sabe se essas soluções serão bem-sucedidas.