Você sabia que negros ainda ocupam cargos com menor qualificação e salário, mesmo com diploma? A população preta do Brasil continua com baixa remuneração em pleno 2021, quando o preconceito e dificuldade ao acesso à educação são alguns dos principais obstáculos que esses cidadãos encontram. Alguns especialistas reconhecem que, aos poucos, as empresas estão promovendo mais ações em prol da diversidade, mas ainda está longe de proporcionar a igualdade racial.
No ano passado, um estudo levantado pela pesquisadora da consultoria IDados, Ana Tereza Pires, apontou que a parcela dos trabalhadores negros, mesmo com ensino superior, ainda atuam em cargos de nível médio ou até mesmo fundamental. Esse levantamento feito entre os anos de 2015 à 2020 mostrou que isso, infelizmente, só cresceu nos últimos tempos.
Pesquisadora aponta a discriminação na contratação
De acordo com uma reportagem feita pelo "G1", 37,9% dos homens e 33,2% das mulheres, sendo eles negros, estavam em condição de sobre-educados. Ana Tereza afirma que o motivo deste aumento é, sem dúvidas, a discriminação.
"Há inúmeras evidências de que existe discriminação na hora da contratação quando o funcionário é negro. A própria competitividade do mercado de trabalho também pode fazer com que um diploma não seja suficiente. Às vezes, a facilidade que é dada para o homem branco, por exemplo, de estudar numa escola particular, fazer cursos de inglês e ter outros treinamentos, pode se tornar um fator extra que acaba pesando na hora de o empregador tomar a decisão", disse a pesquisadora.
"A população negra possui os piores indicadores sociais"
Em outro levantamento feito pelo Ministério do Trabalho, este em 2016, os negros ocupavam cerca de 45,2% das vagas voltadas pra quem tinha apenas o ensino fundamental, enquanto 44,7% pediam ensino médio, mas ainda incompleto. Apenas 27% estavam atuando em empregos que exigiam ensino superior pelo país.
"A população negra possui os piores indicadores sociais, os menores índices de escolarização, de rendimentos e de acesso a bens e serviços, assim como os maiores índices de mortalidade precoce, quando comparados com a população branca. Esses dados do MTE apontam para uma das faces da desigualdade social brasileira: a divisão racial do trabalho altamente resiliente", disse pesquisador Antônio Teixeira, coordenador de gênero, raça e estudos geracionais do Ipea.
E mais! Os dados do MTE também moraram que a maioria dos cargos de gerência são ocupados por pessoas brancas, enquanto profissionais negros aparecem como subordinados. 60% dos serventes de obra são negros, enquanto 52% dos mestres de obra são brancos. Além disso, três quartos dos operadores de telemarketing são negros, mas 53% dos supervisores são brancos.
