Na manhã desta quarta (17), o mundo acordou com mais uma notícia difícil. Na cidade de Atlanta, nos Estados Unidos, 8 pessoas foram mortas em ataques a tiros, direcionados para casas de massagem. Dentre as vítimas, seis eram mulheres de origem asiática. Nos Estados Unidos, é comum que estas casas de massagem sejam negócios com donos imigrantes ou descendentes de imigrantes. Por isso, o caso está sendo considerado um possível crime de ódio xenofóbico, planejado premeditadamente.
A atriz Lana Condor, de "Para Todos Os Garotos Que Já Amei", se manifestou sobre o caso, e outros colegas demonstraram apoio. A hashtag "StopAsianHate" ficou entre as mais comentadas do dia.
"Acorde. Seus amigos e familiares asiáticos estão profundamente assustados, enojados e revoltados."
A motivação do crime ainda não foi comprovada pelas investigações, mas diante a onda de ataques racistas contra comunidades do Leste Asiático, é difícil ignorar tamanha "coincidência". Estes ataques aumentaram assustadoramente no último ano, motivados por uma associação sem sentido de qualquer pessoa amarela ao vírus da Covid-19. É claro que isso é só um pretexto para pessoas preconceituosas validarem o seu ódio contra quem é diferente, e perderem a vergonha de ofender ao próximo.
As ofensas verbais se tornaram físicas, e agora culminaram na morte de oito pessoas inocentes. Por que, então, ainda não levamos o racismo contra a comunidade asiática a sério? Tantas pessoas influentes - até chefes de Estado, como Jair Bolsonaro e Donald Trump - disseminam "piadas" extremamente preconceituosas e se sentem livres para fazer isso. As "brincadeiras" com pessoas amarelas são banalizadas e normalizadas com tanta facilidade que chega a ser assustador.
Virou "cool" zombar da comunidade asiática, do K-Pop, dos fãs e de qualquer coisa que envolva as culturas orientais. O BTS, por exemplo, sofreu ataques racistas de um radialista alemão recentemente, mas não foi a primeira e nem a última vez que o grupo teve que lidar com este tipo de comentário. Em um outro caso, a Topps, uma empresa que faz cards colecionáveis, achou que seria uma boa ideia criar um desenho do boygroup apanhando - literalmente - do Grammy, os colocando em uma situação de violência desnecessária. O fato da arte ter sido divulgada no mesmo dia do crime de Atlanta torna tudo ainda mais insensível.
E quando fãs de K-Pop, ou até mesmo os artistas asiáticos se manifestam sobre estes ataques de cunho racial, são quase sempre tratados como "exagerados". A desculpa é a mesma: "foi só uma brincadeira", "vocês entenderam errado". Os autores dos ataques preferem negar a realidade, mas nós sabemos muito bem a origem desta vontade de diminuir pessoas amarelas: o racismo.
Não podemos esquecer que ele também está nas pequenas coisas, nas micro agressões, nos ataques disfarçados de "brincadeiras". Já passou da hora de acabar com a normalização de ataques a grupos asiáticos. Cada grupo racializado tem as suas particularidades, dores e cicatrizes, e nós precisamos respeitar a todos eles.