Ir ao café, restaurante ou até mesmo assistir uma sessão de cinema sem companhia pode parecer ao primeiro olhar um pouco estranho e, na pior das hipóteses, intimidador. Se ver sem alguém ao nosso lado e flutuando pelos seus próprios pensamentos, para alguns, pode até gerar autojulgamento: o que todo mundo vai pensar de mim saindo sozinha?
Na verdade, aprender a deixar de lado essa pressão de estar sempre acompanhado e aproveitar sua própria companhia tem vantagens únicas, independentemente do seu status de relacionamento atual. Como qualquer outro passo ao longo da jornada para o crescimento pessoal, encontrar esse nível de conforto na própria pele é uma habilidade. A psicóloga Maura de Albanesi conta ao Purebreak como lidar com essa situação e explica a diferença entre solidão x solitude. Acompanhe!
De acordo com Maura de Albanesi, a solidão é formada por alguns aspectos que se diferem muito do que chamamos de solitude. "De um lado, temos o vazio, ou por uma ausência de contato com os outros, em nossas relações, no confronto de nossas ideias, mas principalmente em um isolamento de nós mesmos", afirma.
Segundo a profissional, há uma causa marcante a cada um dos tipos de solidão e é preciso, pelo bem-estar pessoal, que ao notar a proximidade da solidão, comece a ser feito um caminho de volta. "Com resgate de nossas relações, com novos meios de lidar com a vida e, principalmente, com uma atenção à essência da alma. Esta é a solidão, o ato de se sentir só, e que pode ser de inúmeros fatores", explica.
A solitude, por sua vez, é um sentimento que confunde quem olha de fora, gerando uma sensação entre as pessoas de que se a pessoa está sozinha não está bem, sofrendo, mas a realidade é outra.
"É de paz. Isso acontece porque o estado de solitude diverge do estado de solidão. Entende-se por solitude o pleno contado consigo mesmo. Isso quer dizer que não há a necessidade de estar sempre em companhia de outras pessoas e não há solidão por isso. Esta pessoa está bem com ela em tempo integral, mas convive muito bem com os outros. Veja que há um contato direto consigo mesmo, podendo passar vários dias em um lugar sozinho e se sentindo pleno; mas há também uma plenitude ao estar com alguém", comenta Maura de Albanesi.
Maura de Albanesi afirma que, quando só se sente bem estando sozinha, a pessoa dá indícios de escorregar em algum dos critérios da solidão. Já na solitude, há um equilíbrio entre estar consigo e estar com o outro.
"Estar consigo, significa estar em contato permanente com sua essência, é gostar de você, é cuidar de você e todos esses fatores fazem com que suas relações com o próximo também sejam cada vez melhores e saudáveis", garante. Para saber como está o seu Sentir, é importante um questionamento interno: como estamos nos sentindo no meio de um monte de amigos e, além disso, como nos sentindo quando não se está entre tantos?
"Se houver incômodo em ficar alguns momentos ou alguns dias sozinho, há uma pitadinha de solidão. Mas, se a resposta for o contrário, se houver uma satisfação em ficar bem em ambos locais – sozinho ou acompanhado –, há um bom indicativo de estar em solitude. Quando estamos bem conosco, há uma energia positiva em estar bem com outra pessoa também. Mesmo sem compartilhar os principais objetivos da vida hoje, há outras coisas a serem compartilhadas e que vão agregando outros valores e causando bem-estar", explica. Por fim, Maura indica estar bem consigo em qualquer situação da vida e deixar sentir a solitude.