Você tem o famoso dedo podre? A química inicial é a faísca que alimenta um relacionamento, mas nem sempre ela se mantem acesa por vários motivos: falta de reciprocidade, problemas de confiança, dependências, ciúmes em excesso, entre outros.
No entanto, atire a primeira pedra quem nunca se viu em um romance conturbado e, após finalmente conseguir se livrar da situação, acabou se apaixonando por alguém muito semelhante, senão pior que a anterior? Se para alguns indivídues esse cenário não passa de um karma do universo, a ciência acredita esse padrão de relação pode estar em algo que a pessoa anda buscando a vida toda.
Sigmund Freud, neurologista famoso por criar a psicanálise, denomina essa sucessão de padrões como Teoria da Repetição. Segundo o estudo, o ser humano tende a repetir aquilo que percebe ou lhe falta. Portanto, e indivídue se relaciona sempre com o mesmo tipo de pessoa complicada porque, inconscientemente, busca neles a solução para desapontamentos ou ausências que ocorreram no passado.
Falando em relações heteronormativas, a psicogenealogista Roberta Calderini explica que o pai é a primeira referência masculina da vida de uma mulher, o que faz com que ele sirva de base para todas as relações com homens que virão em seguida. "A figura paterna é a primeira referência que nós temos de pai, de homem, de parceiro. Tudo que a criança sentiu diante desse primeiro homem fica instalado no inconsciente, de forma positiva ou negativa. Isso cria padrões. Os sentimentos e as reações boas ou ruins que ela viveu diante daquele homem fazem com que ela atraia as mesmas situações que viveu na infância para a vida adulta", explica.
A filha de um pai ausente, por exemplo, pode se tornar uma mulher que precisa ser amparada, que é emocionalmente dependente de seus parceiros. As que conviveram com o pai, mas tinham uma relação distante ou mesmo instável com ele, podem inconscientemente relacionar o amor com o conflito, a dor e a necessidade de se provar.
"Às vezes, mesmo sabendo que o homem com quem se relaciona não é bom para ela, a mulher continua presa nesse relacionamento. Isso ocorre porque ela, na verdade, está presa lá na primeira dor, no primeiro programa instalado na sua mente. Como ela não sentiu a presença desse pai, como foi traumatizante, ela vai buscar nos parceiros esse pai, essa figura, para então receber o que não teve. Assim, ela fica presa na rejeição, no não receber, na insegurança, no desamor, na solidão, nos mesmos sentimentos que experimentou na infância", pontua a psicogealogista.
Se a resposta para o dedo podre está nos primeiros anos de vida, a chave para essa quebra de ciclo encontra-se no mesmo lugar. A psicogenealogista Roberta Calderini pontua que todos os traumas não processados precisam ser revistos para serem curados, especificamente pela Terapia do Renascimento, que revisita essas dores antigas para quebrar os padrões viciosos.
"Às vezes são traumas muito profundos, originados na infância ou até mesmo na fase uterina. É como se essa pessoa estivesse presa emocionalmente neste padrão. A terapia do renascimento faz com que ela consiga acessar essas memórias mais profundas e ressignificá-las. É preciso substituir uma memória por outra, mudar seu significado, possibilitando que ela manifeste uma nova realidade. Daí a importância de uma terapia, uma reforma íntima, de identificar através do autoconhecimento a origem desses padrões", recomenda.