Entenda a crítica de Wanda ao machismo no trailer de "Doutor Estranho 2"
Publicado em 10 de março de 2022 às 14:16
Por João Maturana
Falta pouco para "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" estrear nos cinemas e o trailer do novo filme da Marvel Studios fez a internet surtar com tantas coisas que podem acontecer e com os personagens que podem aparecer no longa. Mas um dos pontos mais interessantes foi a fala de Wanda (Elizabeth Olsen) sobre a enxergarem como uma vilã por fazer a mesma coisa que outros homens fazem. Vem entender a importância dessa crítica!
Entenda a crítica de Wanda ao machismo no trailer de "Doutor Estranho 2"
Entenda a importância da crítica de Wanda ao patriarcado no trailer de "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura"
No trailer de "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", Wanda (Elizabeth Olsen) diz que é enxergada como uma vilã, enquanto Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) é visto como um herói
Mesmo tendo quebrado as mesmas regras, por que Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) é tido como o herói, enquanto Wanda (Elizabeth Olsen) se tornou a vilã?
Em "Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa", Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) faz um feitiço perigoso só para que Peter Parker (Tom Holland) vivesse uma vida normal
Wanda (Elizabeth Olsen) errou ao criar uma realidade perfeita explorando os habitantes de Westview, mas Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) também já quebrou algumas regras da magia
Quando uma mulher, como Wanda (Elizabeth Olsen), erra, as críticas são bem mais graves do que quando homens, como Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) e Homem-Aranha (Tom Holland), fazem o mesmo
Taylor Swift é um exemplo de mulher que é criticada por fazer o mesmo que vários homens fazem e ainda são exaltados por isso
O feminismo tem ajudado mulheres a retomarem o controle de suas narrativas, para que vítimas do patriarcado, como Wanda (Elizabeth Olsen), sejam enxergadas de outra forma
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Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) deve ser a grande vilã de "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura". Só que, como foi bem apontado por ela no trailer do novo longa da Marvel Studios, é importante questionarmos o porquê de colocarmos personagens como a Feiticeira Escarlate como vilã, enquanto outros, como Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) e Homem-Aranha (Tom Holland), seguem sendo heróis, fazendo ações bem parecidas.

"Você quebra as regras e se torna o herói. Eu quebro e me torno a inimiga. Não parece justo", afirma Wanda ao final do teaser. A frase diz respeito ao fato da Feiticeira estar usando feitiços proibidos e mexendo com encantamentos perigosos. Mas vale lembrar que Estranho tampouco é a pessoa que mais respeita as regras. Desde o seu primeiro filme solo sabemos que Stephen é muito teimoso e faz o que quer, independente do que isso pode causar.

Homem-Aranha e Doutor Estranho fizeram o mesmo que Wanda

Realmente, o mago evoluiu muito desde os acontecimentos de "Doutor Estranho", mas quem consegue esquecer que em "Homem-Aranha: Sem Volta para Casa" o mesmo tentou realizar um feitiço perigoso que alteraria a memória de todas as pessoas do mundo só para que Peter Parker pudesse viver uma vida normal? E como isso se diferencia de Wanda usar a magia para tentar encontrar um pouco de felicidade, após todas as desgraças que aconteceram em sua vida?

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Ninguém está tentando passar pano para o fato de que a personagem de Elizabeth Olsen errou feio ao aprisionar a população de Westview para que os moradores a ajudassem a criar a realidade perfeita da bruxa, ainda que ela estivesse sendo manipulada por Agatha Harkness (Kathryn Hahn). Só que quando é uma mulher que erra, as críticas são bem mais graves.

No mundo real isso não é diferente

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E como diz o ditado: "a vida imita a arte e a arte imita a vida". Fora das histórias da Marvel Studios, mulheres do mundo todo são vítimas do patriarcado e seguem sendo muito mais criticadas do que homens, mesmo quando fazem basicamente a mesma coisa - ou ainda algo menos grave.

Os exemplos disso são diversos. Desde Taylor Swift, ao ser extremamente competente com a sua carreira e bolar estratégias inteligentíssimas e ser enxergada como fria e calculista, até Luísa Sonza, que é perseguida até hoje por boatos que inventaram sobre seu antigo relacionamento com Whindersson Nunes, por ficar com quem tem vontade e simplesmente por existir.

Quantos homens não fazem o mesmo que elas e nunca são criticados? No dia a dia, isso é mais comum. Seja ao se divertir com as amigas bebendo, sendo livre para ficar com quem quiser, ocupando altos cargos no trabalho e sendo uma chefe firme ou simplesmente demonstrando uma atitude confiante. Mulheres seguem sendo enxergadas como sem limites, oferecidas, controladoras, rígidas, arrogantes, enquanto os homens são divertidos, garanhões, determinados, justos, fortes e seguros de si. Por isso é fácil concordar com Wanda. De fato, "não parece justo".

Triste, louca, má ou vilã: Feiticeiras Escarlates são histórias

"Triste, louca ou má", cita a banda Francisco, el Hombre na canção de mesmo nome, para mostrar como o público feminino é definido por uma sociedade tão machista e patriarcal. E, assim como ela canta "Um homem não te define/ Sua casa não te define/ Sua carne não te define/ Você é seu próprio lar", quantas Feiticeiras Escarlate ainda não são tidas como vilãs por histórias contadas pelos homens? O controle da narrativa é algo que, pouco a pouco, a luta feminista tem conseguido retomar para as mulheres. Quem sabe em um futuro próximo a gente entenda como os conceitos de heróis e vilãs estão invertidos. Até mesmo em um filme de super-herói.

Palavras-chave
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