A novela "Mulheres Apaixonadas" é um dos maiores sucessos da TV Globo e muito disso se deve à sua trama envolvente. A história de Manoel Carlos, transmitida originalmente em 2003, apresentou diversos temas polêmicos e que eram considerados tabus na época. Cenas de maus tratos a idosos e de violência doméstica foram tão impactantes que tiveram forte influência na criação de leis no Brasil. Além disso, a novela mostrou um dos primeiros casais lésbicos da TV brasileira e tratou o tema de forma bem aberta para a época. Ontem (29), "Mulheres Apaixonadas" estreou no "Vale a Pena Ver de Novo", 20 anos depois da primeira exibição. Relembre a seguir 6 polêmicas que marcaram a trama e são lembradas até hoje!
Dóris (Regiane Alves) era uma das personagens mais odiadas pelo público - e com razão! Ela se fazia de boa moça na frente da família, mas maltratava seus avós, Leopoldo (Oswaldo Louzada) e Flora (Carmem Silva). Dóris praticava abuso psicológico, tentou levá-los para um asilo e até mesmo roubou os dois. A cena em que o pai da vilã, Carlão (Marcos Caruso), descobre tudo e dá uma surra na filha é uma das mais inesquecíveis. Na época, a trama de maus tratos a idosos foi tão importante que os direitos dos idosos começaram a ser discutidos na vida real, o que influenciou na aprovação do Estatuto do Idoso no Brasil.
Na época em que a primeira exibição de "Mulheres Apaixonadas" foi ao ar, praticamente não se falava sobre relacionamentos LGBTQIA+ na televisão. Alguns casais lésbicos já tinham sido apresentados em novelas, mas foram altamente criticados. A relação de Clara (Alinne Moraes) e Rafaela (Paula Picareli) em "Mulheres Apaixonadas" foi um marco porque, pela primeira vez, um romance lésbico passou a ter uma maior aceitação pelo público. A história das jovens estudantes foi trabalhada aos poucos e conseguiu cair nas graças do sofá, o que foi um grande marco para a época. Apesar da maior aceitação, a maioria das pessoas ainda não queria ver um beijo entre o casal. Porém, no final da trama, um selinho entre Clara e Rafa foi ao ar - o que já foi um grande avanço considerando que era o ano de 2003.
Uma das grandes polêmicas de "Mulheres Apaixonadas" é a paixão de Estela (Lavínia Vlasak) pelo padre Pedro (Nicola Siri). Logo no início da trama, a socialite fica encantada e, sem se importar com o fato de que ele é um padre, começa a dar em cima de Pedro. Com o tempo, os dois realmente se aproximam e começam a ter uma relação. A trama foi bem criticada pela Igreja Católica, mas o público, surpreendentemente, aceitou bem e torceu pelo casal.
Um dos temas mais importantes abordados em "Mulheres Apaixonadas" é a violência doméstica. A professora de educação física Raquel (Helena Ranaldi) foge do seu marido, Marcos (Dan Stulbach), por conta das agressões que sofre. Ela se muda para o Rio de Janeiro, mas o homem consegue encontrá-la e volta a agredi-la constantemente. As cenas em que Marcos bate em Raquel com uma raquete de tênis e de muitas outras formas chocaram o público, que não estava acostumado a ver a realidade de tantas mulheres de forma tão escancarada. Na vida real, o número de denúncias de violência doméstica cresceu consideravelmente e a novela teve grande influência na criação da Lei Maria da Penha.
A professora Raquel também estava envolvida em outra trama polêmica de "Mulheres Apaixonadas": a relação entre professora e aluno. Raquel começa a se aproximar de Fred (Pedro Furtado), que estuda na escola onde ela trabalha. Com o tempo, os dois começam a se envolver amorosamente. A história dividiu bastante a opinião do público na época.
Outro tema ainda pouco abordado na época e que foi discutido na novela de Manoel Carlos é o alcoolismo. A professora Santana (Vera Holtz) tinha um vício em álcool e, durante a trama, precisou lidar com situações complicadas causadas pela bebida. Ela chega a dar aula totalmente embriagada e passa por vexames na frente de outras pessoas. "Mulheres Apaixonadas" tratou com cautela o alcoolismo de Santana, fazendo com que muitas pessoas percebessem a gravidade do problema.