A Lei Maria da Penha completa 13 anos nesta quarta-feira (7). Caso você não saiba, esse decreto surgiu com o objetivo de tornar mais rigorosa a punição em casos de agressões contra as mulheres, que muitas vezes terminam em feminicídio. Muitas obras da ficção abordam questões que entram neste debate: são mulheres que sofrem caladas enquanto são abusadas fisicamente e psicologicamente; são mulheres que são estupradas só por que estavam sozinhas e "no lugar errado"; são mulheres que passam anos sendo agredidas pelos próprios maridos e são mulheres que são diminuídas ou até assassinadas só por serem mulheres.
E você com certeza já viu alguma - ou todas - dessas situações ser retratada em uma séries, novelas ou até filmes. O feminismo nunca teve um momento tão importante, por isso, resolvemos relembrar essas histórias fictícias que foram contadas e que servem de aviso se você ou alguém próximo a você esteja vivendo isso. Nunca é tarde para denunciar e viver sua vida em paz, com seus direitos respeitados.
Não tinha como essa série ficar fora da lista, já que em diversas ocasiões, a criadora da história, Shonda Rhimes, faz questão de abordar diversas questões delicadas e que são consideradas tabu. Em um episódio marcante e muito elogiado da 15ª temporada, chamado "Silent All These Years", somos apresentados à uma mulher com indícios de abuso sexual no hospital. Em estado de choque, ela mal consegue explicar o que ocorreu, mas insiste em dizer que sofreu uma queda. Com a insistência das médicas Ted (Kim Raver) e Jo (Camilla Luddington), a moça confessa ter sido estuprada por um estranho ao sair de um bar. Só que ela não quer prestar queixas.
Jo, uma personagem que também sofreu agressões do ex-marido, relata sua vivência e explica a importância de ela coletar as evidências caso queira buscar justiça no futuro. E é isso que elas fazem. O episódio mostra, com muita delicadeza, o processo doloroso das vítimas. Além disso, uma cena com várias mulheres em um corredor para encorajar a moça deixa o episódio ainda mais emocionante!
Nesta minissérie de sucesso da HBO, a personagem Celeste (Nicole Kidman) é uma mãe que largou a profissão para cuidar dos filhos gêmeos. Ela é agredida quase que diariamente pelo marido Perry (Alexander Skarsgard) - um homem violento e com comportamento possessivo. Mais para o final da 1º temporada, descobrimos que o personagem também já estuprou outras mulheres (esse é um dos plot twits da história, inclusive). É difícil assistir aos episódios quando as cenas de agressões e estupros ocorrem, pois tudo é bem realista.
A própria atriz disse, em entrevista à revista Tatler, que teve dificuldades em gravar. "Eu ia para casa e chorava após fazer 'Big Little Lies'. Eu chorava sozinha. Sentava no banho e chorava. Me sentia muito angustiada e não sabia exatamente o que fazer", afirmou Nicole.
A série da Netflix acompanha a vida de quatro amigas igualmente insatisfeitas com a necessidade de precisarem se conformar com o que a sociedade espera delas, em 1959. Lígia (Fernanda Vasconcellos) vive uma difícil trama em "Coisa Mais Linda". Ela é uma mulher que abriu mão do sonho de ser cantora e é agredida pelo marido Augusto (Gustavo Vaz).
A personagem carrega as marcas - físicas e psicológicas - das surras, retratadas pela série em cenas impactantes, e reluta em aceitar a ajuda das amigas Malu (Maria Casadevall), Thereza (Mel Lisboa) e Adélia (Pathy Dejesus). Uma situação que é muito comum até o dias de hoje, mas imagina na época como tudo era ainda mais difícil?
Talvez seja um das séries da atualidade que mais abordam a violência contra as mulheres, por mais que seja retratada em um futuro distópico. A protagonista June (Elisabeth Moss) e outras mulheres vivem em uma sociedade completamente machista, onde elas perderam todos os seus direitos. Divididas em grupos, em um deles elas são usadas apenas para procriar, ou seja, essas mulheres são estupradas durante uma cerimônia todo mês.
Fora toda essa violência, algumas aias da ficção são mutiladas. A Jenine (Madeline Brewer), por exemplo, perdeu o olho por "desobediência". Já a Emily (Alexis Bledel), é punida por manter um relacionamento proibido com outra mulher e sofre uma mutilação vaginal.
A gente pode até achar tudo isso muito exagero, mas se pararmos para pensar, em quantos países mais conservadores pode ser que isso realmente esteja acontecendo neste momento?
Não é a primeira vez que a Globo exibe novelas que mostram a violência contra a mulher. Desta vez, "O Outro Lado do Paraíso" deixou os telespectadores chocados com as cenas de agressão de Gael (Sérgio Guizé) contra a esposa Clara (Bianca Bin). A moça era vítima de constantes surras do marido e também de violência psicológica. Na noite de núpcias do casal, ela chega a ser estuprada pelo homem.
Em outra cena mais adiante, o rapaz demonstra também sua violência por meio de frases como: "De agora em diante você vai fazer tudo o que eu disser! Eu sou o homem. Vai assinar isso aqui agora". Machista, né? Clara chegou a se defender usando uma faca enquanto tentava expulsar o marido de casa.
O mais importante da história toda é que a emissora usou a trama para criar uma campanha chamada de REP: Repercutindo Ideias. Em uma plataforma, há espaço para vídeos, com depoimentos dos mais diversos temas. É um local para discutir a violência doméstica com mulheres reais, que compartilham suas histórias e aumentam a luta pela defesa de direitos.
Em 2006, a luta da farmacêutica Maria da Penha inspirou a criação da Lei 11.340/06, que estabeleceu medidas de proteção para as mulheres vítimas de violência, além de agravar a punição contra os agressores.
Maria ficou paraplégica após ser agredida pelo marido durante 6 anos! Ele só foi punido depois de 19 anos de julgamento, ficando apenas dois anos em regime fechado. A lei, então, é uma homenagem para essa mulher que enfrentou anos de agressões das mais diversas formas e que se dedica à causa do combate à violência contra as mulheres até hoje.
A Lei Maria da Penha alterou o Código Penal e possibilitou que agressores de mulheres no âmbito doméstico e familiar sejam presos em flagrante ou tenham prisão preventiva decretada. Com essa medida, os agressores não podem mais ser punidos com penas alternativas, como o pagamento de cestas básicas, por exemplo, como era usual. A lei também aumenta o tempo máximo de detenção de um para 3 anos, estabelecendo ainda medidas como a saída do agressor do domicílio e a proibição de sua proximidade com a mulher agredida e os filhos.