Aborto: EUA muda legislação e retira direito das mulheres depois de 50 anos
Publicado em 24 de junho de 2022 às 15:54
Por Luísa Silveira de Araújo
A Suprema Corte dos Estados Unidos deu um grande passo em direção ao passado nesta sexta-feira (24). Depois de quase 50 anos, a decisão "Roe contra Wade" foi derrubada e, agora, a legalização ou proibição do aborto está apenas nas mãos dos estados. Isso significa que mulheres que vivem em regiões conservadoras poderão ter dificuldades para tomar decisões sobre o seu próprio corpo. Confira o que mudou na lei e a reação de políticos, celebridades e empresários estadunidenses.
Aborto: EUA muda legislação e retira direito das mulheres depois de 50 anos
Aborto: Estados Unidos restringe direito das mulheres após 50 anos
Estados Unidos derrubou decisão "Roe contra Wade", que garantia o direito ao aborto em todo território nacional
O direito ao aborto seguro foi motivo de luta das mulheres por muitas décadas
Manifestantes lamentam decisão que revoga direito ao aborto em território nacional nos EUA
"Meu corpo não é meu na América", escreveu uma manifestante
"As mulheres estadunidenses hoje têm menos liberdade do que as suas próprias mães", afirmou Nancy Pelosi
Michelle Obama publicou texto sobre decisão da Suprema Corte: "De coração partido"
Taylor Swift, Ariana Grande e mais famosos repostaram texto de Michelle Obama pró-legalização do aborto
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Nesta sexta-feira (24), a Suprema Corte dos Estados Unidos derrubou a decisão histórica, chamada "Roe contra Wade", da década de 70, por seis votos contra três. No mês passado, um rascunho vazado já adiantava que esse seria o caminho tomado pelo grupo - o que movimentou muitos protesto por parte dos famosos internacionais.

A decisão "Roe contra Wade", de 1973, foi decisiva na luta das mulheres pelo direito ao próprio corpo e garantia que todas tinham a possibilidade de realizar o aborto, dentro do período previsto pela lei, independente da decisão tomada por governadores e agentes regionais.

Entenda o que muda na lei e confira a reação de famosos, de Michelle Obama a Taylor Swift. Veja também como empresas e grupos pró-escolha estão se organizando, a fim de proteger todas as mulheres dos Estados Unidos.

O que muda na lei do aborto nos Estados Unidos?

A queda da decisão "Roe contra Wade" não significa necessariamente que o aborto será proibido nos Estados Unidos. Porém, agora uma mulher que vive em um estado conservador, pode ser, sim, impedida de realizar o procedimento - sem nenhuma defesa do governo federal.

O Texas, por exemplo, conhecido pela falta de regulamentação sobre a compra e o porte de armas, já adiantou que planeja proibir o aborto no território do estado. Na nova realidade, mulheres estadunidenses que têm condições financeiras para viajar até o local em que o aborto continuará legalizado, poderão manter o direito de escolha. Por outro lado, não haverá suporte para as mais pobres, que terão que se submeter a decisão estadual.

Além do Texas, Wyoming, Tennesse e Carolina do Sul também já mostraram tendência à proibição. Por outro lado, Califórnia, Novo México e Michigan anunciaram que vão garantir o direito ao aborto por lei em seu território.

A notícia vem em um momento que a interrupção da gravidez também é um tema em alta no Brasil, quando foi revelado, pelo The Intercept, que uma menina de 11 anos estava encontrando resistência para realizar um aborto após ter sido estuprada. É uma fase bem difícil para as mulheres em todo o mundo.

"Levanta-se para o direito ao aborto": manifestantes pró-escolha protestam contra decisão da Suprema Corte dos EUA © Getty Images
"Menos liberdade do que as mães", afirma representante

Políticos e governantes democratas que são pró-escolha e a favor dos direitos individuais se pronunciaram sobre o triste acontecimento desta semana. Além do próprio presidente dos EUA, Joe Biden, Nancy Pelosi, representante da Câmara dos Deputados, foi uma das que fez discurso emocionante.

"Não adianta falar 'bom dia', porque com certeza não é [...] Por causa de Donald Trump, Mitch McConnell, o Partido Republicano e sua maioria na Suprema Corte, as mulheres estadunidenses hoje têm menos liberdade do que as suas próprias mães", afirmou Pelosi. E realmente é um fato, já que depois de quase 50 anos com a garantia de um aborto legal e seguro, as mulheres não podem mais ter certeza que têm voz sobre o seu próprio corpo.

Famosos lamentam decisão antiaborto: "Aterrorizante"

Antes mesmo da decisão ser oficialmente tomada, muitos famosos se manifestaram contra a possibilidade. Agora não seria diferente. Michelle Obama, ex-Primeira Dama dos Estados Unidos fez longo desabafo sobre o caso, em seu perfil no Twitter.

"De coração partido pelas pessoas em todo o país que perderam o direito de tomar decisões, com informações, sobre o próprio corpo", escreveu Obama. Ela foi repostada por várias celebridades, como Ariana Grande, Sean Kaufman, que interpreta Steven no elenco de "O Verão Que Mudou Minha Vida" e muito mais.

Taylor Swift, que é uma das vozes mais influentes na luta pelo direito das mulheres, fez o mesmo repost e acrescentou um pensamento próprio: "Estou absolutamente aterrorizada que estejamos onde estamos - que depois de tantas décadas de pessoas lutando pelos direitos das mulheres a seus próprios corpos, a decisão de hoje nos tirou isso", escreveu a cantora, que lançou a música "Carolina" nesta sexta-feira (24).

Empresas vão ajudar funcionárias que precisarem abortar

Não tem muitas horas que os Estados Unidos tomou a decisão de reduzir o direito das mulheres, mas várias empresas e grupos já estão se organizando, a fim de garantir a saúde de todos seus funcionários. De acordo com o Deadline, a Warner Bros. afirmou que irá se comprometer pelos custos de transporte "para funcionárias e membros de família que precisarem viajar para ter acesso ao aborto e ao direito reprodutivo".

Ainda segundo o veículo, a Paramount e Disney também seguiram o exemplo. Por fim, a Netflix é citada na matéria como uma das empresas que já cobria os custos de viagem para funcionários ou parentes por motivos de saúde - incluindo tratamento de câncer, transplantes, cirurgia de resignação sexual e até mesmo aborto.

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