Você pode não conhecer bell hooks, mas com certeza já ouviu falar sobre seu trabalho. Ao longo de sua vida, a pesquisadora e ativista antirracista e feminista escreveu dezenas de livros, abordando temas complexos, como a realidade das mulheres negras - que muitas vezes são colocadas à margem da sociedade.
Infelizmente, bell hooks entra na lista de personalidades incríveis que perdemos em 2021. A família da autora confirmou seu falecimento na última quarta-feira (15), aos 69 anos em decorrência a uma doença, que não foi revelada.
Nascida como Gloria Jean Watkins, bell hooks escolheu seu nome artístico em homenagem à sua bisavó materna, Bell Blair Hooks. Porém, a escritora sempre se apresentava com as letras minúsculas, mesmo em suas obras literárias. Para ela, é uma forma de destacar apenas o conteúdo, sem chamar atenção para sua identidade.
Por isso, em homenagem à bell hooks e todos os seus ensinamentos, o Purebreak separou 8 livros para quem quer conhecer o trabalho da autora!
Um dos livros mais conhecidos de bell hooks, "O feminismo é para todo mundo" é uma cartilha, escrita de forma didática, que aponta a importância do movimento para todas as pessoas - mulheres, homens e todas as outras identidades. Na obra, a autora fala também como não podemos ter um mundo livre do machismo sem abordamos o racismo e a desigualdade social, opressões que afetam, principalmente, as mulheres negras de todos os países. É uma super indicação para quem quer começar a debater com mais profundidade essas temáticas políticas.
Além de falar sobre machismo, racismo e capitalismo, bell hooks era professora e sabia da importância da educação para mudar o mundo. Neste livro, a autora deseja mostrar como a sala de aula pode ser local de revoluções, já que os professores estão ajudando a moldar a próxima geração. hooks também destaca a importância do ensinamento prático, que pode ser usado no dia a dia dos alunos. "É um jeito de ensinar que qualquer um pode aprender", disse a ativista sobre a obra.
Na obra, lançada no mercado editorial brasileiro em janeiro de 2021, bell hooks analisa o amor em sua completude - levando em conta o amor familiar, romântico, entre amigos... Para ela, amar é um ato político, que pode trazer cura e mudanças importantes do mundo. Nas páginas, hooks escreve: "Sinto nosso país se afastando do amor com a mesma intensidade que senti o abandono do amor na infância".
Este foi o primeiro livro de bell hooks, lançado em 1981. Na obra, ela se baseia no discurso de Sojourner Truth durante a "Women's Convention". Ela foi uma mulher que foi escravizada e participou da ação em 1851, liderada pelo movimento sufragista - que levava em conta apenas mulheres brancas da elite. A partir daí, hooks analisa a construção da opressão contra a mulher negra, fazendo um recorte desde o sufrágio universal nos Estados Unidos até a década de 70.
Parte de uma trilogia escrita entre os anos 90 e 2000, que também conta com "Ensinando a transgredir" e "Ensinando comunidade", a autora aborda diversos temas comuns em várias de suas obras: racismo, machismo, sistema de classes, descolonização e espiritualidade. A inspiração para os livros veio dos professores que teve, nos anos 50 nos EUA, em escolas que ainda eram divididas pelas raças dos alunos. Para esses profissionais, a educação "era também uma formação que incentivaria o compromisso contínuo com a justiça social", diz hooks.
Nessa coletânea de textos, escritos por bell hooks na década de 80, são abordados várias peças de entretenimento importantes - de filme de Spike Lee a outros textos de Zora Neale. Assim, a autora passa por conceitos da pedagogia e política para entender transformações estruturais que podem acontecer por meio da cultura.
Mais uma coletânea! "Erguer a voz" tem mais de 20 ensaios de hooks, com foco na quebra do silêncio e como as minorias políticas - principalmente as mulheres negras - podem se unir para mudar sistemas opressores. No prefácio do livro, ela diz: "Enfrentar o medo de se manifestar e, com coragem, confrontar o poder, continua a ser uma agenda vital para todas as mulheres".
"Olhares negros", publicado originalmente em 1992, é também uma coletânea, com olhar especial para a negritude e como a experiência das pessoas negras pode ser vista no meio do entretenimento, em livros, músicas, séries e filmes. O objetivo principal é desafiar e inquietar os leitores para que eles busquem mudanças na sociedade, ainda extremamente racista.