O racismo contra pessoas asiáticas nunca foi tão debatido. A pandemia do coronavírus, infelizmente, aumentou os ataques contra a população, principalmente nos Estados Unidos. De acordo com dados do Grupo de Defesa da América Asiática, publicados pela CNN, a violência contra o grupo cresceu cerca de 150% desde o início da Covid-19.
Aqui, no Brasil, também estamos muito atrás no assunto - principalmente quando analisamos a representatividade asiática nos programas de TV. A atriz Ana Hikari foi a primeira protagonista asiática-brasileira em uma novela e isso só foi acontecer em 2017, com "Malhação: Viva a Diferença".
Atualmente, Hikari faz parte do elenco de "Quanto Mais Vida Melhor" e também atua em "As Five", spin-off de "Malhação", exclusivo da Globoplay. Entretanto, ainda há um longo caminho pela frente. Foi sobre isso - e muito mais - que Ana conversou com a Marie Claire, em entrevista publicada na última sexta-feira (25). Confira os destaques!
O racismo contra pessoas amarelas é um problema bem real, que afeta muitos brasileiros. Além de estereótipos nocivos que são perpassados por meio de "piadas" e "brincadeiras", diversos asiáticos não são vistos como cidadãos do Brasil e sofrem com a hiperssexualização de seus corpos.
"Aqui no Brasil, muitos ainda enxergam pessoas amarelas sempre como estrangeiras, querem fazer de nós estrangeiros dentro do nosso próprio país. Fora que ainda somos objetificados e hiperssexualizados, e isso precisa parar", afirma Ana.
Mas isso, é claro, não é um problema reservado à comunidade asiática. Ainda há pouca representação de muitas minorias na TV brasileira, como é o caso de várias novelas de canais abertos que contam com protagonistas brancos.
"Para mim também não faz sentido a gente viver em um país que se autointitula diverso e isso não ser representado no audiovisual. E quando digo isso, não estou falando apenas de pessoas amarelas, não. Também falo em relação a pessoas indígenas, negras, pessoas com deficiências", diz Hikari.
Apesar das coisas estarem melhorando, Ana Hikari não quer carregar o peso de representar os asiáticos como um todo. "Olho para os lados e não vejo mais nenhuma atriz asiática contratada [...] Não quero ser a única. Eu sei que existem vários atores e atrizes asiáticas muito talentosos e que não tem oportunidade", confessa.
Se toda a representação de uma comunidade tão rica e diversa vem apenas de uma pessoa, vale realmente pensar se aquela produção está mesmo se importando com a diversidade, né? Para que o futuro seja ainda melhor para as minorias raciais e políticas, Ana faz questão de debater o racismo em seus redes sociais.
"É importante levar informação adiante e eu não quero apenas passar raiva com as coisas que leio ou falam. Pode ser que amanhã uma outra mulher não passe pela mesma situação pelo simples fato de a gente ter divulgado informação", aponta a atriz que já respondeu seguidor que a chamou de "japa".
E, diferente da realidade nos sets de TV, na internet, cada vez mais pessoas amarelas aparecem para acrescentar ao debate: "Eu sinto muito o peso dessa responsabilidade, mas hoje em dia, felizmente, está mais tranquilo porque sei que não estou mais sozinha e muitas pessoas falam sobre isso também. Assim, eu me sinto mais amparada", conclui Hikara.